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Alguém já afirmou que a improvisação, e não a necessidade, é a verdadeira mãe da invenção. Que o digam os pioneiros da tevê local, cujos depoimentos compõem boa parte do livro Em Preto e Branco, o Início da Televisão em Curitiba (Travessa dos Editores, 126 págs.; R$ 25), a ser lançado hoje, às 19 horas, nas Livrarias Curitiba do ParkShopping Barigüi. Escrita pela historiadora Maria Luiza Gonçalves Barracho, a obra de referência tenta jogar luz sobre um período pouco ou nada documentado. Afinal, a programação era toda produzida ao vivo nos primórdios. E os primeiros videoteipes, de difícil armazenamento (pesavam cerca de 7 quilos), eram regravados o quanto fosse possível.

"Havia apenas livros de me-mórias sobre o assunto, escritos pelos próprios pioneiros. São obras importantes e que me serviram como fonte, mas sentia falta de um trabalho que reunisse essas informações que estavam dispersas", explica Maria Luiza, pesquisadora da Diretoria do Patrimônio Cultural da Fundação Cultural de Curitiba. Ela começou a pensar no livro há dez anos, quando colaborou com uma exposição sobre a história do rádio na cidade, organizada pela FCC. Com o projeto aprovado pela Lei de Incentivo Municipal, a autora iniciou uma pesquisa (embasada por entrevistas, fotos e material de jornais e revistas) que vai de meados dos anos 50 até o advento do videoteipe, na metade da década seguinte.

A primeira emissora a funcionar na cidade foi a TV Paranaense, já conhecida como Canal 12. Iniciou suas transmissões experimentais em 1954, mas só entrou no ar para valer em outubro de 1960. Dois meses depois, a TV Paraná, Canal 6, também come-çou sua trajetória. Até a criação da TV Iguaçu, em dezembro de 1967, as duas estações foram as únicas concorrentes em um mercado ainda incipiente. "Era mais fácil vender televisão pelo rádio do que vender televisão pela televisão", lembra o apresentador Wil-liam Sade, um dos "depoentes" do livro. Ou seja: antes de procurar anunciantes, as emissoras precisavam atrair o público.

Não que esse fosse um grande problema. O fascínio pela novidade era tanto que os raros donos de aparelhos reuniam seus amigos e parentes em casa para concorridas sessões coletivas. Surgia então a figura do "televizinho", decisiva para a popularização da tevê mesmo entre quem não podia comprá-la.

Do outro lado do balcão, os profissionais se viravam como podiam para driblar a falta de conhecimento e as dificuldades estruturais (leia frase ao lado). Em compensação, havia espaço para quem quisesse aprender, inclusive na classe artística – nomes como Ary Fontoura, Lala Schneider e Odelair Rodrigues foram estrelas dos primeiros teleteatros e novelas produzidos por aqui. Veio então o videoteipe, e com ele a facilidade de comprar programas produzidos em outras praças. Era o fim das transmissões ao vivo, quase artesanais. Mas o início da tão festejada "integração nacional" promovida pela televisão.

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