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DVD

Loulou

(Loulou. França, 1980). Direção de Maurice Pialat. Com Isabelle Huppert, Gérard Depardieu e Guy Marchand. Lume Filmes. 110 min. Classificação indicativa: 18 anos. Drama. Preço médio: R$ 44,90. Drama.

Gérard Depardieu vivia uma grande fase na sua carreira quando Pialat o convidou para interpretar o personagem-título deste filme, um jovem sem eira nem beira, que passou meses na prisão por conta de pequenos roubos. Quem conhece mais de perto a biografia do ator francês sabe que não são poucos os pontos em comum entre o roteiro e sua própria vida antes de começar a atuar. Na trama, Isabelle Huppert (de A Professora de Piano), também uma estrela em ascensão à época da produção, é Nelly, uma mulher casada, colocada violentamente para fora de casa pelo marido, que vai viver com o amante, Loulou, que se recusa a alterar seu cotidiano de marginal e arruaceiro por causa dela.

Preste atenção: Premiado com a Palma de Ouro por Sob o Sol de Satã (1987) e vencedor do César de melhor filme por Aos Nossos Amores (1984), Pialat é um grande diretor de atores, e um provocador capaz de sempre causar inquietação com seus filmes. (PC)

HQ

Creepy, Contos Clássicos de Terror – Volume 2

Vários autores. Devir Livraria, 304 págs. R$ 70. Terror.

A década de 1950 foi dura para a indústria dos quadrinhos nos Estados Unidos. Associações conservadoras promoveram uma caça às bruxas com essas produções, acusadas de subverter a infância com insinuações violentas e sexuais. O movimento morreu e o que surgiu depois foi ainda mais transgressor.

Entre 1955 e 1965, centenas de publicações recheadas de histórias sobre assassinatos brutais e chacinas com monstros chegaram às bancas. Entre elas, estavam títulos como a Creepy, cujas principais edições de 1965 e 1966 estão reunidas no livro Creepy, Contos Clássicos de Terror – Volume 2. Prima menos famosa de Contos da Cripta, a revista apresentava uma média de seis histórias por edição.

Cheios de imoralidade, os quadrinhos tinham um traço cru em preto e branco, que quase serviam como resposta ao movimento que dizimou inúmeras publicações na década anterior.

Por que ler? Além da participação de quadrinistas ilustres como Steve Ditko, que criou o Homem-Aranha com Stan Lee na Marvel, as tramas da Creepy incluem adaptações de contos de Edgar Allan Poe e Isaac Asimov. (RS)

Livro 1

Matem e Devorem!

Jean Teulé. Tradução de Ivone C. Benedetti. L&PM, 144 págs., R$ 29. Romance.

O livro narra com angustiantes pormenores um episódio real e trágico ocorrido na França no século 19. Numa tarde de agosto de 1870, um jovem aristocrata, inteligente e amável, sai da casa dos pais para ir à uma feira na aldeia vizinha.

Por uma série de mal-entendidos, o jovem é tomado por um soldado prussiano – à época, França e Prússia estavam em guerra – e passa a ser molestado, humilhado e torturado pelos habitantes da aldeia para, em seguida, ser condenado à morte em condições de brutalidade extrema.

O autor, que além de romancista é roteirista de cinema e de álbuns de histórias em quadrinhos, constrói uma narrativa crua e violenta que pode chocar leitores mais sensíveis.

Por que ler? Em tempos de linchamentos e justiçamentos públicos no Brasil, o livro fustiga esta chaga que desafia os tempos e as civilizações: basta uma fagulha para que toda a humanidade se dissipe e a bestialidade aflore nos homens, tornando-os capazes das piores atrocidades. (SM)

DVD

#suaveaovivo

Flávio Renegado. Independente. R$ 40. Hip-hop.

O rapper mineiro Flávio Renegado reuniu músicas de seus dois álbuns em seu primeiro DVD, Suave Ao Vivo, gravado há um ano no Parque Municipal de Belo Horizonte. Com produção de Liminha e Kassin, o músico apresenta faixas que vão de temas autobiográficos à denúncia social, em um universo musical que mistura a música brasileira a gêneros do pop internacional – versatilidade que é uma de suas características. Releituras de "Saudosa Maloca", de Adoniran Barbosa, "Não Vou Ficar", de Tim Maia, e "Jorge Maravilha", de Chico Buarque, são representativas dessa proposta.

Por que ouvir? Renegado vem se destacando há anos no hip-hop brasileiro e alcançou circuitos diversos com a postura de diálogo que marca tanto seu discurso quanto sua estética musical, fazendo com que seja uma voz representativa da comunidade onde cresceu e militou, ao mesmo tempo que transita pelo mainstream. (RRC)

Livro 2

História Policial

Imre Kertész. Tradução de Gabor Aranyi. Editora Tordesilhas, 119 págs. R$ 27,50. Novela.

Prêmio Nobel de Literatura de 2002 "por uma escrita que resguarda a frágil experiência do indivíduo contra a bárbara arbitrariedade da história", o húngaro Imre Kertész retrata em História Policial a trajetória de Antonio Martens, agente de um governo de contornos totalitários, preso após a queda do regime.

Ele solicita a seu defensor público a autorização para escrever suas memórias. De seu diário emergem personagens que formam um mural da opressão, como o emblemático Díaz: "Só acredito mesmo numa única revolução, a revolução dos policiais!".

Por que ler? Kertész foi preso pelo regime nazista por sua origem judaica e vivenciou o inferno de Auschwitz e Buchenwald. Sua obra é a narrativa direta do despotismo e de como estamos sempre à beira da estupidez e da loucura. Acredite: o relato ambíguo do policial que comete diversos crimes em nome da lei – ou, como alega Díaz, "primeiro o poder, depois a lei", é muito representativo de como pessoas comuns são capazes de inúmeras injustiças. (DZ)

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