• Carregando...
Ricky Seabra cria imagens com as mãos como um dos inúmeros recursos que dispõe para contar uma história | Fotos: Divulgação
Ricky Seabra cria imagens com as mãos como um dos inúmeros recursos que dispõe para contar uma história| Foto: Fotos: Divulgação

Serviço

Conheça as datas e os horários de apresentação dos espetáculos que integram o Projeto Díptico.

> Aviões & Arranha Céus – dias 30 e 31 de outubro. Classificação etária: 12 anos.

> Império – dias 1º e 2 de novembro. Classificação etária: 18 anos.

Onde: Teatro da Caixa (R. Conselheiro Laurindo, 280), (41) 2118-5111. Horários: Quinta-feira a sábado, às 21 horas, e domingo, às 19 horas. Quanto: R$ 10 e R$ 5 (clientes, idosos e estudantes).

Perfil

Ricky Seabra nasceu em Washington (EUA), foi criado em Brasília, e reside atualmente no Rio de Janeiro. Formou-se em Comunicação Visual pela Parsons School of Design de Nova Iorque e tem mestrado em Desenho Industrial pela Design Academy Eindhoven, na Holanda.

Entre 2002 e 2006, foi artista residente do Kunstencentrum Nona, em Mechelen, na Bélgica, quando criou os espetáculos Aviões & Arranha-Céus, Isadora.Orb, a Metáfora Final e Império, Love to Love, Baby.

Antes de assumir sua "cara-de-pau" e subir ao palco para fazer teatro sem ser formado em Artes Cênicas, o designer Ricky Seabra pintava e esculpia. Norte-americano de Washington, viveu oito anos em Nova Iorque, onde, aos 19 anos, visitou pela primeira vez a torre de observação no 110° andar do World Trade Center. "Se, no Rio de Janeiro, a paisagem é feita de morros e gaivotas, lá é feita de aviões e arranha-céus", conta.

As duas invenções que elevam o homem às alturas sempre foram uma obsessão desse artista, que, muito antes do atentado terrorista de 11 de setembro de 2001 às Torres Gêmeas, havia pintado um quadro premonitório, no qual retratava 19 aviões ao redor do WTC. "Quando aquilo aconteceu, as pessoas me ligavam para perguntar como eu estava, pois sabiam dessa minha paixão", lembra.

A resposta veio no ano seguinte, sob a forma do espetáculo Aviões & Arranha Céus, um monólogo manipulado, com direção de Andréia Jabor. "Queria expressar uma opinião sobre os ataques diferente da que estava sendo difundida. Todos punham a mão, havia uma perspectiva estrangeira sobre o tema, mas ninguém sabia o que o nova-iorquino estava sentindo", diz Seabra, que ainda hoje vota em Nova Iorque.

Para ele, perder as Torres Gêmeas para um nova-iorquino é ficar órfão de paisagem. "É como morar no Rio de Janeiro e não ver mais o Corcovado. Há um buraco no céu", diz o americano de mãe brasileira, criado em Brasília e que, há alguns anos, adotou o Rio de Janeiro como morada.

O Teatro da Caixa recebe de hoje a domingo o Projeto Díptico, em que Ricky Seabra une Aviões & Arranha Céus, sua resposta pessoal aos atentados, a uma peça mais recente, de 2006, Império, Love to Love You, Baby, sob a direção do belga Dirk Verstockt. "A reputação dos norte-americanos está sendo destruída pelas loucuras do governo Bush. Por isso, senti a necessidade de falar sobre o que é ser cidadão de um império, antes imperialista, agora imperial, o que é bem diferente", conta.

Ao contrário da primeira peça, Ricky decidiu partir para o deboche para criticar o comportamento belicoso do governo dos Estados Unidos. "Não quis fazer algo tipicamente de esquerda, com clichês norte-americanos", diz o artista, que encarna Rickyoncé, a imperatriz americana: mistura de si mesmo com a estrela pop Beyoncé.

Ricky cria espetáculos em que reúne vídeo, dança, teatro, artes visuais e o que mais for preciso para contar uma história. "Não traço fronteira entre as artes. O importante para mim é criar a poesia da narrativa. Só utilizo a tecnologia se ela servir à poesia", diz. Seus espetáculos são feitos de pequenas histórias. Em Império, por exemplo, ele relembra quando, ainda criança, teve que aprender a dobrar corretamente a bandeira americana e prestar, todas as manhãs, juramento ao pavilhão.

Com turnês no Brasil e na Europa – há apenas três dias, Ricky apresentou o Díptico em Amsterdam –, os espetáculos ainda não foram apresentados em seu país-tema, mas estão sendo feitas negociações. "Seria provocador. Lá é comum se posicionar contra as guerras, mas não contra as tropas do país. Sou contra tudo, mas vai falar isso lá...", diz.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]