• Carregando...
Querido John: filme inspirado pelo romance de Nicholas Sparks ainda não estreou no Brasil, mas o livro é um sucesso retumbante | Fotos: Divulgação
Querido John: filme inspirado pelo romance de Nicholas Sparks ainda não estreou no Brasil, mas o livro é um sucesso retumbante| Foto: Fotos: Divulgação
  • Cena do filme Eclipse: série Crepúsculo, criada por Stephenie Meyer, é exemplo de livros jovens que conquistam também adultos
  • O Ladrão de Raios: o escritor Rick Riordan é um fenômeno internacional com a série protagonizada pelo garoto Percy Jackson

É um negócio impressionante. Os livros infantojuvenis dominam o mercado editorial brasileiro de maneira incontestável. As listas de livros mais vendidos servem de prova. Na relação que este jornal publica amanhã, elaborada pela Saraiva, seis dos dez títulos de ficção miram o público jovem, com os escritores Nicholas Sparks e Stephenie Meyer liderando as preferências.

Os três volumes campeões de venda desta semana nas Livrarias Curitiba são infantojuvenis – o primeiro é de Rick Riordan e os outros dois, de Sparks. Na Cultura, mesmo sendo uma lista considerada "alternativa" por incluir obras que não costumam aparecer em outros rankings, aparecem quatro opções jovens entre os dez mais.

Esse desempenho tem a ver com um fenômeno relativamente novo: cada vez mais, adultos estão lendo (gostando e comprando) livros infantojuvenis. Antes que alguém desdenhe das capacidades leitoras do brasileiro, reclamando que os adultos são infantilizados e imaturos, é bom saber que algo semelhante acontece nos Estados Unidos.

Num ensaio publicado pelo jornal The New York Times, a escritora Pamela Paul faz um desabafo e conta que adora livros para "jovens adultos" (young-adult, termo usado pelo mercado americano). Tanto que não vê a hora de ler o terceiro e último capítulo da trilogia criada por Suzanne Collins, iniciada com o romance Jogos Vorazes, que acaba de sair no Brasil pela Rocco.

Conversando com outros leitores, Pamela descobriu que figurões do meio literário, incluindo o crítico da revista Time, participam de clubes de leitura dedicados exclusivamente a títulos infantojuvenis e, com frequência, as discussões são bastante intensas.

Empresa que presta consultoria para editoras nos EUA, a Codex Group (citada por Pamela) traçou um perfil dos leitores americanos e descobriu que, na faixa etária dos 18 aos 24 anos, 47% das mulheres e 24% dos homens dizem que a maioria dos livros que consomem é infantojuvenil. E uma em cada cinco mulheres com idade entre 35 e 44 anos compra para si livros voltados para jovens.

Fernando Baracchini, presidente da Novo Conceito, casa editorial de Nicholas Sparks no Brasil, revela que pelo menos três de cada dez leitores do autor são adultos. Ele conta que a editora trabalhou os lançamentos pensando no público jovem e se surpreende quando vê uma senhora com mais de 60 anos comprando um dos romances – como de fato aconteceu num aeroporto.

O mérito também é de Sparks. O autor de Querido John, A Última Música e Noites de Tormenta (este acaba de ser lançado), escreveu 16 livros até o momento. Treze estiveram na lista de mais vendidos do New York Times, oito chegaram ao primeiro lugar e nove foram adaptados ao cinema.

"[Os romances de Sparks] contam histórias envolventes e trazem um pouco de sonho aos leitores, mas um sonho que parece possível de acontecer com a gente", diz Baracchini. Para o editor, um dos segredos desses livros é falar de relacionamentos e não esquecer o romantismo. "É o prazer de ler que move os adolescentes", diz. É possível que esse mesmo prazer tenha apelo com os adultos.

Os dois primeiros livros de Sparks pela Novo Conceito, Querido John e A Última Música, venderam até o momento cerca de 300 mil exemplares. O mais recente, Noites de Tormenta, saiu com uma tiragem de 20 mil exemplares que evaporou em dois dias.

Ainda em defesa dos homens e mulheres que gostam de livros para "jovens adultos", Pamela Paul escreve falando sobre como os sentimentos nessas histórias são mais "crus" e as narrativas, mais "divertidas". Outra escritora, Lizzie Skurnick, também fã de Harry Potter e afins, admite que esse tipo de livro é mais fácil de ler e isso é bom porque "as pessoas estão cansadas" e não querem chegar em casa e se debater com um livro cabeça.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]