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O produtor curitibano no estúdio Gramofone, do qual é sócio: cena curitibana “entendeu” a produção musical e tem ferramentas à altura dos principais centros | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
O produtor curitibano no estúdio Gramofone, do qual é sócio: cena curitibana “entendeu” a produção musical e tem ferramentas à altura dos principais centros| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Se gravar um disco com produtores musicais conhecidos nacionalmente, geralmente mais próximos do eixo Rio-São Paulo ou da música americana ou inglesa, já foi um passo em direção a um maior profissionalismo musical para artistas de Curitiba, já não é mais. Pelo menos na opinião de Fred Teixeira, produtor e sócio do estúdio Gramofone e figura fácil na ficha técnica de alguns bons discos lançados recentemente na capital paranaense.

Mestre em produção de discos pelo London College of Music, na Inglaterra, o curitibano garante que a cidade está tão bem servida quanto qualquer outra quanto às ferramentas para produzir. E os resultados estão circulando por aí, independentemente do alcance que têm por questões além do universo musical.

"Os artistas daqui estão percebendo que há gente competente na cidade que está atingindo bons resultados de produção musical. A relação do artista daqui com o produtor hoje deve passar pelo crivo estético mais do que pelo local onde este produtor está", conta Teixeira, que começou a se envolver com música durante o segundo grau, em 1997, num grupo de hip-hop, e depois integrou a banda Universo em Verso Livre e o Música de Ruiz. A produção musical começou por volta de 2004.

"A geração posterior à minha vem de uma escola pós-internet, da cultura do ‘do it yourself’, que aprendeu a gravar e experimentar bastante. A democratização da tecnologia possibilitou que pessoas produzam coisas de qualidade em vários lugares", analisa.

A função do produtor – que tem exemplos famosos na história da música como o "quinto Beatle", George Martin, e o "mago" de Michael Jackson, Quincy Jones – pode ser comparada à do diretor de cinema. "É a pessoa que tem uma visão ampla do processo de produção de um disco, desde a escolha do repertório e dos músicos até a mixagem, masterização", explica Teixeira, cuja lista de trabalhos nestas duas últimas etapas é extensa. Para Teixeira, o papel principal é entender o que o artista quer, transformar esta ideia em algo concreto para quem escuta e saber capturar as diferentes energias que pedem as canções. Parece abstrato – e é. Mas a cena curitibana entendeu. "Daqui por diante, os trabalhos vão ser cada vez melhores", prevê.

Teixeira se considera um produtor de viés mais técnico, e cita nomes com perfis diferentes que se destacam na cidade, como Vicente Ribeiro, que tem um foco de produção mais voltado para os arranjos. Músicos que também são produtores, como Rodrigo Lemos, também estariam lapidando trabalhos de primeira.

Maiores elucubrações sobre os aspectos regionais da produção musical, no entanto, interessam pouco, na opinião de Teixeira. "O que faz sentido, independente de onde o produtor esteja, é o artista procurar alguém com quem se identifica", diz. "O mais importante de tudo é que a cena musical está muito boa. E a boa música é o que alimenta todo o processo."

3 trabalhos

Confira álbuns assinados por Fred Teixeira que valem a pena conhecer:

São Sons Música de Ruiz (2009)

Com Du Gomide, Teixeira trabalhou na produção do multifacetado disco de Estrela Ruiz Leminski e Téo Ruiz que ecoou influências importantes e foi igualmente endossado por artistas de relevância nacional.

Invento Juliana Cortes (2013)

O produtor ajudou a captar a atmosfera com um pé na música erudita que marca este trabalho da cantora curitibana – um experimento sofisticado que mistura jazz, música contemporânea, rock e gêneros do Cone Sul.

All In Du Gomide (2014)

Um dos trabalhos mais recentes assinados por Teixeira, o divertido álbum de estreia de Gomide já se encontra em terreno francamente pop, com uma sonoridade "crua" criada ao vivo, na chácara do produtor em Campina Grande do Sul.

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