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De viagem marcada para Curitiba, onde apresenta a peça A Alma Boa de Setsuan, sucesso nos palcos paulistas, no próximo fim de semana, Denise Fraga conversou por telefone com a Gazeta do Povo. Confira outros trechos do bate-papo.

Faço para você a pergunta que é mote da peça: É possível se manter uma pessoa boa e generosa no mundo competitivo em que vivemos?

Denise Fraga – As pessoas estão justificando muita coisa por dinheiro. Temos esse convite a agir de forma mais severa, para exigir respeito, mas estamos negando o poder da gentileza, da solidariedade. Acho que a gente vive uma crise humanitária, em que não se fala desses valores, porque parece um discurso bobo. Acaba-se justificando atitudes injustificáveis.

Já se viu fazendo isso?

É justo essa questão que me incomoda, devo ter pisado em calos por aí. A peça fala da dialética de ser uma pessoa com um lado bom e um ruim. Quando usar o nosso lado mais duro? Sinto que isso virou a primeira lei e não a alternativa. Tem uma hora na peça de que gosto muito. É quando a personagem toma gosto pela autoridade. Acontece muito com pessoas que era ótimas e quando ganham algum cargo de poder ficam irreconhecíveis.

Qual o riso que não te interessa?

O riso pelo riso. Não é que não me interessa, mas deixa de aproveitar a capacidade de reflexão e comunicação do humor. Gosto da obra que consegue, pelo humor, contar uma história cotidiana em que as pessoas reflitam sobre alguma coisa. Não é difícil fazer uma pessoa rir, mas me interessa esse fio de comédia poética reflexiva, é a matéria mais delicada de se trabalhar e a mais fascinante também. Essa é, das peças que fiz, a que mais tem isso.

Isso explica o seu interesse em fazer quadros mais populares no Fantástico.

Sim, pegar a vida de uma pessoa que acha que a sua vida é banal. Muitas entrevistadas desvalorizavam suas histórias, que têm tanto a dizer por uma atitude que a pessoa tomou. Uma coisa linda no "Retrato Falado" são as pessoas com capacidade de rir de suas histórias, mesmo que às vezes não fossem engraçadas em si, mas dramáticas.

Você planeja voltar ao Fantástico?

Fiz o "Retrato Falado" por nove anos. Às vezes penso em mais uma edição. Estou trabalhando em cima de um novo programa com o (diretor) Luiz Villaça (marido de Denise), que fez todos meus programas na Globo.

Uma vez você declarou que o desejo de ser ator é o desejo de ser muitos. "Uma vida só não basta." Que vidas você quer viver ainda?

Queria muito falar sobre a relação entre mãe e filha, uma relação delicada feminina, de idades diferentes.

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