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Luiz Arthur, em cena na adaptação da obra de Tennessee Williams | João Marcos Rosa/Divulgação
Luiz Arthur, em cena na adaptação da obra de Tennessee Williams| Foto: João Marcos Rosa/Divulgação

O primeiro impacto é visual: a parede de trás do quarto do casal está coberta por uma reprodução da "Ár­­vore da Vida", do pintor austríaco Gustav Klimt. Há duas camas, ambas de solteiro. E muita água escorre do painel, encharcando os pés e as vestes do casal protagonista do espetáculo Fala Comigo Doce como a Chuva – em cartaz de sexta (2) a domingo (4), no Teatro da Caixa (confira o serviço completo).

No segundo momento, vem o impacto afetivo. A mulher, papel da atriz Samira Ávila, quer se desatar de uma relação amorosa que fracassou. Mas é difícil. Nos seus avanços e recuos, entre pequenas agressões e carinhos, ela e o companheiro, interpretado pelo ator Luiz Arthur, transformam ora em coreo­­grafia, ora em simbolismos, o texto adaptado da obra de Tennessee Williams.

Luiz Arthur é integrante da Companhia Teatro Adulto, assim como sua esposa, Cynthia Paulino, que estreou na função de diretora à frente deste espetáculo, já visto em Curitiba. Em 2009, quando veio ao Teatro Cleon Jacques, foi considerado pela crítica nacional um dos melhores trabalhos daquela edição do Fringe. Samira é outra conhecida do público do festival. Ela estava em Por Elise e Amores Surdos, os dois principais espetáculos do Espanca!, grupo mineiro do qual já não faz parte.

Na verdade, Cynthia foi quem teve a ideia de montar a peça e pretendia atuar como atriz. Mas outros projetos foram passando na frente e adiando este. "Chegou o momento em que eu virei para ela e disse: ‘Você pensa nesse texto há tanto tempo, que tem uma visão muito clara de como quer vê-lo em cena. Perde o sentido trazer outra pessoa para dirigi-lo’", lembra Luiz Arthur.

Feliz com a passagem pela mostra paralela do Festival de Curitiba, que trouxe prejuízos financeiros mas uma visibilidade determinante ao grupo, o ator conta que planeja voltar em março do próximo ano, com sua montagem mais recente.

A Última Canção de Amor desse Pequeno Universo estreou dia 10 de junho em Belo Horizonte, e novamente tem Cynthia na direção. Desta vez, porém, ela também surge em cena. Trata-se de uma adaptação de Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Goethe, com mais quatro atores.

As duas peças, somadas a uma terceira montagem do grupo, A Morte de DJ em Paris, consolidam a trajetória de uma década. "São três espetáculos que compactuam da restrição do espaço", diz o ator. A ideia de se fechar em cenários pequenos vem, segundo ele, para realçar detalhes do trabalho de ator: "o gesto mínimo, a troca, o jogo cênico".

Entre as mais belas cenas de Fala Comigo Doce como a Chuva estão os movimentos coreografados de contato físico entre o homem e a mu­­lher. "Criamos como se fosse um alfabeto", conta o ator. "Toda relação tem algo que faz parte só daquela relação. São gestos que se repetem para mostrar a intimidade daquele casal", diz.

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