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Personagem Chico Pacheco em O Duelo  foi o último trabalho para o cinema do ator José Wilker, morto no ano passado. | Davi de Almeida/Divulgação
Personagem Chico Pacheco em O Duelo foi o último trabalho para o cinema do ator José Wilker, morto no ano passado.| Foto: Davi de Almeida/Divulgação

Quando o personagem Chico Pacheco – interpretado por José Wilker (1944-2014) – aparece na tela em O Duelo, produção nacional que estreia nesta quinta-feira (19) nos cinemas, é impossível não sentir saudades e lembrar das memoráveis atuações do ator. No longa-metragem, o personagem de Wilker, um fiscal aposentado da vila Periperi, faz de tudo para tentar desmascarar o comandante Vasco Moscoso de Aragão (Joaquim de Almeida), capitão de longo curso que conquistou a população local com suas extraordinárias histórias do mar. A produção é dedicada à Wilker.

O charmoso navegante chega à vila e logo reúne homens e mulheres em sua volta, que escutam os causos com atenção. Com inveja de ter perdido o posto de morador “mais respeitado”, Pacheco começa uma exaustiva investigação que coloca em dúvida a verdade de Aragão. E é esse embate que permeia o longa, baseado na obra Os Velhos Marinheiros, de Jorge Amado, com direção do curitibano Marcos Jorge. Muito premiado por Estômago (2007), ele foi convidado para o trabalho pela Warner Bros, distribuidora do filme.

Maior qualidade do filme é a chance de ver José Wilker em cena

Um dos méritos de O Duelo é ser uma comédia que foge dos clichês de filmes do gênero realizados no Brasil.

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“Em 2009, a Warner me ligou para adaptar. Eu não lembrava muito bem da história, apesar de ter lido muito Jorge Amado na infância e na adolescência, e aí fui reler a obra”, conta o diretor. “Tive uma visão muito diferente de quando li menino, mas me lembrei de maneira muito emocional do que eu já tinha visto naquelas páginas. O final do filme é uma cena muito emocionante e trágica, que havia me marcado muito no romance.”

A Warner, detentora dos direitos de adaptação audiovisual logo após a publicação do livro, em 1961, demorou para fazer o filme, à espera de um “momento adequado”, já que as histórias fantásticas exigiram vários efeitos especiais complicados. Isso também fez com que o filme levasse um bom tempo para a finalização.

Marcos Jorge também lidou com um elenco numeroso e global: a atriz Cláudia Raia e os atores Marcio Garcia e Milton Gonçalves também estão no longa. O nome de José Wilker, entretanto, surgiu na cabeça do diretor enquanto adaptava o roteiro. “O Chico Pacheco me fazia lembrar muito dele. Foi um dos primeiros atores que convidei. Foi uma delícia trabalhar com ele. Um ator muito inteligente, participativo, com uma personalidade forte no set”, fala. Jorge também selecionou dois curitibanos: Rodrigo Ferrarini e Zeca Cenovicz. Curitiba também “aparece” em outros dois momentos, na trilha sonora: na faixa “Borges”, da banda Wandula, interpretada no piano por Patrícia Pillar (o grupo fez uma nova versão para o filme); e na “Reza para um Querubim”, da Banda Mais Bonita da Cidade, que coroa uma das cenas finais.

Universalidade

O Duelo é muito diferente de Estômago – afinal, a comédia que chega aos cinemas não é exatamente um filme autoral do diretor Marcos Jorge. No entanto, ele aponta uma semelhança que existe entre ambos: em nenhum dos dois fica claro onde se passa a ação. Em Estômago, as filmagens foram entre Curitiba e São Paulo; agora, usou Minas Gerais e o Rio de Janeiro como cenários, e não a Bahia de Jorge Amado. “Periperi existe, é um bairro de Salvador hoje. Mas optei que ela fosse uma cidade inventada. Quis filmar num lugar brasileiro, perto do mar.”

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