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A britânica Helen Mirren, em cartaz no sucesso Red – Aposentados e Perigosos, continua a receber boas propostas | Divulgação
A britânica Helen Mirren, em cartaz no sucesso Red – Aposentados e Perigosos, continua a receber boas propostas| Foto: Divulgação
  • Aos 52 anos, Sharon Stone consegue poucos papéis e teve de diversificar sua carreira. Aqui, ela aparece em cena do seriado Law & Order

Red – Aposentados e Perigosos, filme de ação com Bruce Willis sobre um grupo de velhos agentes especiais já fora de combate, recentemente ultrapassou a marca de US$ 150 milhões de nas bilheterias mundiais. No início deste ano, outro filme sobre machões na idade madura, Os Mercenários, provou que Sylvester Stallone, aos 64, exibe tanto vigor quanto seu Rocky agora já entrado em anos. O filme arrecadou US$ 263 milhões em todo o mundo.

A lição aqui é que os velhões de Hollywood, não importa quantas pílulas azuis e enxertos de botox sejam necessários para mantê-los em forma, estão longe de ser coisa do passado quando se trata de bilheteria.

Mas o que acontece com suas equivalentes femininas – as gatonas de meia idade para cima?

Para usar uma expressão bem batida: estão por baixo.

À exceção daquelas estrelas duradouras como Meryl Streep, Helen Mirren (que está no elenco de Red – Aposentados e Perigosos) e Diane Keaton, não é nenhum se­­gredo que, à medida que envelhecem, as atrizes vêem a oferta de novos papéis começar a secar. Algo incrivelmente sexista, certamente, mas que ninguém esconde.

Como diz o veterano relações públicas Michael Levine, que já representou Barbra Streisand e Michael Jackson: "Há uma piada muito maldosa que circula na elite da indústria do entretenimento e diz que, quando envelhecem, os atores vão ficando parecidos com o Sean Connery. O problema é que as mulheres, ficando mais velhas, também tendem a se parecer com ele".

''Dói", continua Levine, "mas o negócio é fazer as pazes com os fatos, ou continuar a lutar contra eles o resto da vida. É brutal e coloca pressão para se agir de forma diferente, quando se quer continuar a ser relevante tanto econômica quanto socialmente."

E então, o que fazer quando se chega aos 52 anos de idade como, por exemplo, Sharon Stone e Mi­­chelle Pfeiffer?

Segundo um assessor, a resposta está em se desdobrar e abraçar um "modelo econômico horizontalmente integrado". Em outras palavras, em vez de depender de uma única fonte de renda (como cachês para estrelar filmes e programas de tevê), os astros devem trabalhar com um portfólio mais amplo, baseado em várias fontes de renda diferentes.

Há as linhas de cosméticos. Há o circuito de festivais, no qual, em troca de uma aparição, digamos, no Sun Festival de Singapura (do qual Stone é uma das convidadas neste mês), a viagem e as despesas de hospedagem são pagas. Há ainda as palestras e outras apresentações, que rendem milhares de dólares por algumas horas de trabalho. Há os cruzeiros. Há os livros.

Isso para não falar de táticas mais underground, como a foto combinada com paparazzi, aquilo que os relações públicas chamam de "tirar uma casquinha da indústria das celebridades".

"Funciona assim: uma delas chama os paparazzi e diz: 'Vou estar no Beverly Glen Market em uma hora. Você pode ter uma ex­­clusiva'. Em seguida, o fotógrafo vende a foto por US$ 15 mil e a celebridade leva US$ 10 mil."

Celebridades de todas as idades, claro, perseguem estratégias multimídia para dar longevidade a suas carreiras (Paris Hilton é um exemplo bastante óbvio), mas, no caso das estrelas mais velhas, pesa mais a necessidade financeira do que a vaidade de fazer manchetes. Também pesa a nostalgia dos fãs. Como lembra o agente Jackie Stander, sobre sua cliente Julie Newmar, de 77 anos, que atuou como a Mulher-Gato, versão televisiva de Batman da década de 1960: "Julie é Batman, e Batman é eterno."

Como resultado, diz Stander, "Julie está sempre em alta. Está trabalhando em um novo livro, adora fazer seu jardim. Quando faz uma aparição, as pessoas a tietam por todo o país e internacionalmente. E tem uma pequena indústria caseira: boutique, camisetas personalizadas, um pouco de arte."

Quanto a como criar essa indústria caseira, Levine sugere: reforçar a marca. "Se a pessoa é muita co­­nhecida, mas não vem fazendo trabalhos devido à idade, então o que tento fazer é descobrir, primeiro, quais são suas paixões para além de trabalho e família. O que elas amam? A segunda questão é: pelo que querem ser lembradas?"

"Se conseguir chegar a isso, você tem a chave da marca emergente."

Marca pessoal

Naturalmente, não há duas marcas semelhantes. A atriz Angela Bassett, de 52 anos, é uma autora (Friends: A Love Story) cujo cachê para palestras (US$ 50 mil) está anunciado na internet. Cher, de 64 anos, sem dúvida dona de marca própria, com ou sem a ajuda de produtos, vergonhosamente participou de matérias pagas alguns anos atrás. Mas talvez a ambição mais comum às estrelas com algum pedigree seja lançar uma linha de jóias ou cosméticos. Ou, pelo menos, anunciar publicamente que vão lançar uma linha, o que tanto Lauren Bacall, hoje com 86 anos, quanto Demi Moore, 48, fizeram nos últimos anos.

"O fim da linha pode chegar; há uma janela de tempo", observa um assessor. "Então as pessoas pensam: como manter a carreira em alta?"

Nem todo mundo vê a coisa em termos tão desesperados, no en­­tanto. Jaclyn Smith, antiga estrela da série de tevê As Panteras, está comemorando seu 25.º ano com a Kmart, parceria que envolve uma linha de vestuário e produtos para a casa. Smith, de 65 anos, entrou no projeto não quando sua carreira já declinava, mas no auge – e não porque precisasse, mas porque era um novo desafio.

"Eu tinha contrato com a Max Factor e a Kmart me chamou. Max Factor me disse: 'Não é seu público'. Eu estava ocupada na época, e respondi 'não' à Kmart", conta Smith em entrevista por telefone. "Eles insistiram: 'Pelo menos vamos fazer uma reunião'. E aí eu fui, fiz a reunião e conheci essa linha, Glen Hunter. Parecia Ralph Lauren, muito jovial, bem americana – não acreditei que eram capazes de fabricar aquilo a um preço daqueles."

"Eles disseram: 'Queremos mui­­to que você participe e se envolva em todos os aspectos. Eu não estava pensando em termos de uma opção de carreira ou sobre marca – a expressão 'fortalecer a marca' não estava na ponta da língua de todo mundo naquela época. Mas gostei das pessoas, gostava de tentar coisas novas e amava design. Então falei que aceitava."

"Se você for uma pessoa criativa, fica tudo sob um mesmo guarda-chuva", continua ela. "A gente tenta se manter motivada, produtiva, interessante. Tem um monte de papéis se oferecendo por aí, hoje em dia? Não, não tem. Fiz um Law & Order, e foi ótimo voltar a trabalhar como atriz, ao lado de pessoas incrivelmente talentosas."

Depois de uma pausa, Smith completa: "Fico com os planos B".

Tradução de Christian Schwartz.

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