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Cena do longa "Vizinhos e vizinhas" | Divulgação/www.cinefrance.com.br
Cena do longa "Vizinhos e vizinhas"| Foto: Divulgação/www.cinefrance.com.br

A mesa que gerou mais discussões na Flip 2007 foi a do Nobel de Litera-tura J.M. Coetzee, que leu trechos de Diário de um Ano Ruim, livro inédito apresentado aos brasileiros em primeira mão. Durante a leitura, o autor se recusou a conversar com os espectadores.

Se a proposta da Flip é aproximar leitores e escritores, promovendo uma interação entre eles, convidar um autor avesso ao contato com o público – e que se recusa a responder perguntas – não seria uma contradição?

"Não", respondeu Cassiano Elek Machado. "Eu não sei as outras pessoas, mas eu acho que ele cumpriu sua missão. Andou pelas ruas, conversou com leitores, assinou livros e honrou compromissos sociais."

Segundo Machado, o painel protagonizado pelo sul-africano no sábado à noite "foi como presenciar uma de suas ficções". "Ele parece uma peça de ficção", finalizou.

A leitura de Diário de um Ano Ruim foi talvez o evento da programação oficial que o público mais abandonou antes de terminar e mais duramente criticado depois que acabou. Muitos ficaram revoltados por ele não conversar com a platéia, apesar de isso ter sido bastante divulgado pela imprensa e aparecer inclusive na programação da Flip. "Se era só para ler, por que ele não mandou o texto por e-mail? Dava para colocar qualquer um no palco para ler" foi um dos comentários que se ouvia na saída do público.

Diante do Nobel de Literatura de 2003, houve quem não se deu conta de que estava presenciando algo único. Um dos maiores escritores vivos – "o" maior para um grupo nada pequeno – selecionou trechos de uma obra inédita para lê-los pela primeira vez em público em Parati. E o fez como ninguém mais o faria. Pelo modo como lia, dava para perceber o controle que tinha sobre aquelas palavras, destrinchando opiniões sobre o corpo humano, o erotismo, a literatura e o modo como os seres humanos tratam os animais. Com a disposição certa (e para alguns privilegiados), ouvi-lo pode ser uma experiência transformadora.

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