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Teatro

Confira as informações desta e de outras peças no Guia Gazeta do Povo

Difícil imaginar uma história tão intimista quanto O Filho Eterno num palco – não lida no recanto dum quarto, e sim dita às quatro paredes do teatro. Pois esse feito foi alcançado com bom resultado pelos cariocas Atores de Laura, que estrearam o espetáculo em 2011 no Rio de Janeiro e só agora são convidados a trazê-lo à terra do autor do romance com pinceladas autobiográficas, Cristovão Tezza, catarinense radicado em Curitiba.

VÍDEO: Assista a um trecho da peça

A peça ficará em cartaz neste fim de semana e no próximo, no Teatro da Caixa, com ingressos à venda a partir de hoje – depois volta em agosto, no festival Sesc Palco Giratório (veja o serviço completo da peça no Guia Gazeta do Povo). A trama começa com um pai estupefato ao receber a notícia de que o primogênito tem Síndrome de Down. Segue-se um período de aprendizado, culpa – e afeto.

"Estamos nos sentindo em dia de estreia, não víamos a hora de apresentar em Curitiba", conta o ator Charles Fricks, que atua no monólogo. O gênero nunca havia sido experimentado pelo ator, que buscou durante vários meses um texto que o empolgasse a ponto de contar a mesma história todas as noites a uma nova plateia.

"Quando li, fiquei apaixonado. Pensei: ‘É isso que eu quero contar’", disse, em conversa com a Gazeta do Povo.

O texto foi adaptado ao formato dramatúrgico por Bruno Lara Resende, que levou dez meses na tarefa, enquanto explicava cada passagem do livro e suas múltiplas referências à equipe de trabalho.

"O que fizemos de adaptação foram apenas cortes, não criamos cena nenhuma", explica Charles. Outra mudança foi passar os tempos verbais do passado para o presente – uma forma de conferir mais ação teatral às falas. "É como se o momento estivesse passando na minha frente. Às vezes eu falo uma coisa como narrador e a vivencio em seguida", explica Charles.

Um dos trechos que ganhou esse tratamento e costuma animar a plateia mostra o pai saindo da fonoaudióloga, após esforços malsucedidos para ajudar o filho a falar. A família está dentro do Fusca marelo, parada no trânsito, quando alguém buzina e o pai sai para xingar o motorista impaciente. Quando volta, o filho repete os xingamentos – estavam dadas as primeiras palavras do rebento.

Repercussão

O Filho Eterno é um dos livros escritos no Paraná mais premiados até hoje, tendo recebido entre 2007 e 2008, os prêmios Jabuti e APCA de melhor romance, Bravo! de livro do ano e Portugal-Telecom, entre outros.

"Assistir foi uma coisa impactante. O texto lido é sempre mais abstrato, mais distante, e o teatro dá a sensação imediata de concretude", contou à reportagem Cristovão Tezza, colunista da Gazeta do Povo às terças-feiras.

"Fiquei impressionado com a qualidade técnica. O ator é perfeito, e a direção foi muito inteligente, enxuta, de concepção minimalista... Se o tema já era um nó cego literariamente, no teatro é ainda mais. Como evitar cair num sentimentalismo, numa catarse emocional? E eles conseguiram."

A nova peça em cartaz dos Atores de Laura, com direção de Daniel Herz e em cartaz no Rio de Janeiro, também é inspirada na obra de Tezza: o romance Um Erro Emocional e a coletânea de contos Beatriz. Essa última dá nome à peça.

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