• Carregando...
O novo governo estadual pretende mexer nas estruturas, integrando o orçamento da Escola de Cinema à FAP, como ocorre com todas as outras graduações oferecidas pela instituição |
O novo governo estadual pretende mexer nas estruturas, integrando o orçamento da Escola de Cinema à FAP, como ocorre com todas as outras graduações oferecidas pela instituição| Foto:

Futuro - Manutenção do curso de cinema pode depender de vontade política

Caro

Quanto ao futuro do curso, a diretora da FAP, Rosane Schlöegel, reconhece que a manutenção do curso de cinema é mais cara que dos outros e vai depender de vontade política.

Garantido

"O curso está muito bem montado, com instalações e materiais, e sem risco de ser extinto. Depende de como o governo vai lidar com o orçamento e isso está fora da nossa alçada na FAP", diz Rosane.

Melhor

O secretário Nildo Lübke é mais otimista: "O curso vai ser melhor ainda".

  • Íttala Nandi: nomeada por Requião.

Em cinco anos, a Escola Superior Sulamericana de TV e Cinema despontou como centro de formação em audiovisual, começando a lançar no mercado paranaense novos realizadores. O exemplo mais nítido é do grupo de alunos que aprovou pelo edital de baixo orçamento do MinC o projeto do longa-metragem Circular e já está nos sets de filmagem rodando as primeiras cenas. Não é caso singular, outros estudantes têm produzido curtas-metragens, séries para tevê e projetos de longas.

No entanto, com a transição do governo estadual, cresce entre os alunos a preocupação quanto ao futuro do curso. A nova gestão pretende mexer nas estruturas, integrando o orçamento da Escola de Cinema à Faculdade de Artes do Paraná (FAP), como ocorre com todas as outras graduações oferecidas pela instituição. Até hoje, a FAP responde apenas pelo projeto pedagógico da Escola de Cinema, enquanto a gestão financeira é atribuição da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti).

A mudança vai afetar uma situação que, desde sua criação em 2005, permite ao curso operar em condições distintas – e privilegiadas – dentro da FAP. A Escola de Cinema surgiu em 2005 por um decreto do ex-governador Roberto Requião, dentro do projeto Cine TV PR. Somava esforços com o Festival do Paraná de Cinema Brasileiro e Latino para que se formasse um polo de audiovisual no estado. "Como é um projeto separado e as despesas são todas com a Seti, houve um investimento alto no curso", diz a diretora da FAP, Rosane Schlöegel.

"A gente tem verba e estrutura maior que os outros cursos públicos", confirma Frederico Neto, secretário do Centro Acadêmico e aluno do sexto período, fazendo a ressalva de que isso não significa que a graduação em cinema não tenha suas deficiências, especialmente no acervo bibliográfico e no campo das pesquisas científicas. Ele conta que os alunos têm discutido frequentemente a continuidade do curso e estão aflitos com as perspectivas. "Nosso receio é que o próximo governo faça cortes orçamentários", diz.

O orçamento repassado pela Seti em 2010, segundo o secretário Nildo Lübke, soma R$ 1,2 milhão para custeio das despesas básicas e pagamento dos contratos, R$ 585 mil para obras de melhoria e R$ 412 mil para compra de equipamentos. Mas no próximo ano a incumbência já deve ser transferida. "A FAP precisa ter controle do curso tanto do ponto de vista pedagógico como administrativo e financeiro", diz Lübke, que assumiu o cargo em abril. "Vai virar curso da FAP, uma faculdade sem verba, precária como outras", contra-argumenta Neto.

Cineastas

Outra particularidade importante da Escola de Cinema é que grande parte do seu corpo docente, hoje, é de profissionais de carreira reconhecida nacionalmente, trazidos a Curitiba como convidados. Entre eles, os cineastas Evaldo Mocarzel e Eduardo Escorel. A tendência é que sejam substituídos por professores concursados.

Os alunos temem pela entrada de profissionais com titulação, mas pouca afinidade com a área. "A faculdade não tem staff para selecionar nem há profissional qualificado no mercado, o que inviabiliza a contratação por concurso. Vem aventureiro dar aula", prevê Neto.

A diretora da FAP explica que os professores convidados foram uma exceção aberta para as primeiras turmas, por falta de tradição do estado em formação na área, mas apenas até que se formasse o corpo docente. "Depois que o curso foi implementado, com o quadro completo de professores, não tem como justificar isso. Uma instituição pública é gerenciada por concurso público", diz Rosane.

Ela vê apenas a possibilidade de receber profissionais de fora como visitantes, sobretudo em atividades de extensão. "Não vamos ter o Mocarzel fazendo concurso. Ele pode vir não para dar um módulo, mas como convidado", admite. "Não podemos tratar como um curso particular, não é. É mantido pelo governo, gratuito e regido pela legislação."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]