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São Paulo (Folhapress) – Com o lançamento de As Crônicas Marcianas (ed. Globo, 304 págs., R$ 38), os fãs de ficção científica já podem devorar os dois grandes clássicos do veterano Ray Bradbury, um ícone do gênero. Seu outro clássico, Fahrenheit 451, já tinha sido relançado em 2003. Aos 85 anos, Bradbury continua na ativa e diz ter produzido mais de 500 obras – entre romances, contos, crônicas, roteiros de cinema, roteiros de TV e peças. Em entrevista, ele diz que seu livro não envelheceu nada, defende o governo Bush, ataca Michael Moore e diz que ainda acredita em marcianos.

O senhor acha que Fahrenheit 451 se mantém atual?É mais do que atual. Prevê nosso futuro. Está muito à frente do nosso tempo.

O livro é uma metáfora para o perigo da censura...Claro, é disso que o livro trata.

Há alguma comparação possível com a escalada conservadora nos EUA e algumas atitudes do governo Bush em relação às liberdades civis?Não há comparação possível. Hoje não há censura nem queima de livros. O governo Bush adora bibliotecas, adora livros. Laura Bush (primeira-dama norte-americana) é bibliotecária, adora livros.

O senhor gostou da versão de François Truffaut para o livro?O filme dele é muito bom. Em vários aspectos ele é bom, como no elenco.

O senhor acusa o cineasta Michael Moore de ter roubado o título do livro para o documentário Fahrenreit 11 de Setembro...Sim, é verdade. Ele nunca ligou para mim. Roubou o título. Não tinha o direito de fazer isso. Deveria ter me consultado e nunca fez isso.

As Crônicas Marcianas foi escrito em 1950 e é ambientado entre 1999 e 2026. Ele "envelheceu"?Nada mudou. As Crônicas Marcianas é uma fantasia. Ele é sobre mitos, e mitos não mudam nunca. Eu imagino e espero que ele seja relevante daqui a cem anos.

O que o senhor acha da exploração espacial hoje? Espero que dentro de alguns anos voltemos à Lua. Não devíamos tê-la abandonado. O ônibus espacial é OK, mas deveríamos ter construído uma base na Lua e ter ido para Marte. Devemos fazer isso agora.

O senhor acha que ainda vamos para Marte?Claro que sim. Assim que nos estabelecermos na Lua, podemos seguir para Marte.

O senhor acredita em marcianos?Acredito. E também em nós. Seremos os novos marcianos e viveremos lá para sempre, pelo próximo milhão de anos, quando chegarmos lá.

As recentes missões para Marte mudaram sua visão do planeta e sobre as condições de colonização?Não. Assim que chegarmos lá, faremos todas as mudanças necessárias para sobreviver. Gostaria de estar vivo quando fizermos nosso pouso lá, daqui a alguns anos.

A mudança de política de exploração espacial anunciada pelo governo dos EUA, priorizando a volta à Lua, não é um retrocesso?Não, é um avanço. Nunca deveríamos ter abandonado a Lua.

O senhor escreveu o roteiro de Moby Dick, de John Huston. A corrida espacial pode ser comparada às explorações do passado?Claro. A América foi descoberta por três navegadores italianos. Cristóvão Colombo, Giovanni Caboto e Verrazzano. Foi muito excitante. O que eles descobriram foi um país de 300 milhões de habitantes que espalhou a democracia para o resto do mundo. É uma descoberta e tanto.

Como foi o trabalho com John Huston?Difícil porque ele conhecia menos Moby Dick (romance de Herman Melville) do que eu.

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