Rafael González comanda sua própria vida. Ele é um dos melhores vendedores de uma movimentada loja de departamentos de Madri, negociando roupas femininas. Galanteador, ainda fatura todas as belas companheiras de trabalho, conquistando-as com jantares bem íntimos, regados a muito champagne, realizados no interior da própria empresa. As coisas podem melhorar ainda mais com a promoção para gerente do seu andar na loja. Há apenas um empecilho no caminho rumo ao sucesso: don Antonio Fraguas, vendedor-chefe do setor masculino, que também pleiteia o desejado cargo. O inesperado acontece e o oponente fica com a vaga. É a partir desse momento que o mundo de Rafael começa a ruir.

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O vendedor-conquistador é o personagem principal de Crime Ferpeito, filme do diretor espanhol Álex de La Iglesia, já disponível nas locadoras. Quem acompanhar a fita vai notar algumas semelhanças com as primeiras comédias de Pedro Almodóvar, com quem o cineasta nascido em Bilbao às vezes é comparado – ele também utiliza as cores berrantes, o kitsch, as situações absurdas e histriônicas. A diferença está no humor negro, muito mais acentuado, como também pôde ser conferido em A Comunidade, filme com Carmem Maura, trabalho anterior a Crime Ferpeito. O suspense é o outro elemento presente nesses dois títulos de Iglesia.

Depois de perder a promoção, Rafael (Guillermo Toledo, da comédia musical O Outro Lado da Cama) tem uma discussão com don Antonio (Luis Varela) e o mata acidentalmente. Para piorar, o crime é presenciado por Lourdes (Mónica Cervera), a vendedora mais feia da loja – e com quem, obviamente, o galanteador gerente nunca quis nada. Ela não perde a oportunidade de se aproveitar da situação, passando a chantagear o companheiro de trabalho. As coisas começam "tranqüilas", com a mulher pedindo que Rafael lhe dê mais atenção. Mas, muito rapidamente, Lourdes fica fora de controle, transformando-se em uma megera que comanda completamente a vida do desesperado vendedor, obrigando-o a namorá-la e ditando o que ele deve fazer no trabalho e socialmente.

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Há cenas impagáveis, como a de Rafael conhecendo a estranha família de Lourdes, ou a da dupla tentando se livrar do corpo de don Antonio, quando a vendedora mostra ao parceiro toda a sua insanidade. Rafael se desespera e só conta com a ajuda do divertido fantasma do rival para tentar virar o jogo e se livrar da temida companheira. Além do humor corrosivo, algumas críticas ao consumismo e à cultura do belo também podem ser destacadas nesta interessante comédia que passou rapidamente pelos cinemas de Curitiba. GGG1/2