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É o número de salas de cinema no Brasil em que será exibido Não Pare na Pista A Melhor História de Paulo Coelho.
"Paulo, você acha que as pessoas vão querer ler essas coisas que você escreve?" O autor Paulo Coelho ouviu a frase mais de uma vez ao longo da vida, mas persistia ao dizer, ainda jovem e um pouco petulante , que o que queria era ser escritor. Esses e outros fatos curiosos da vida de Paulo Coelho, admirado e detestado na mesma medida, estão na cinebiografia Não Pare na Pista A Melhor História de Paulo Coelho, coprodução entre Brasil e Espanha que estreia hoje nos cinemas.
A frase que abre esse texto é tão representativa para explicar a vida do escritor quanto a outra máxima de Coelho: quando se quer uma coisa de verdade, todo o universo conspira para que se alcance o desejado. Clichê para muitos que têm ojeriza à sua literatura, o fato é que esse esforço fez valer: Paulo é um dos escritores mais populares do mundo. Uma de suas obras, O Alquimista, lançada em 1988 (e rejeitada pelo primeiro editor, que a considerou ruim), é o livro brasileiro mais vendido de todos os tempos.
O mérito do longa-metragem, que tem roteiro de Carolina Kotscho e direção de Daniel Augusto, é mostrar que o escritor não surgiu do nada: houve um caminho, permeado pelas suas experiências sexuais, com drogas e espiritualidade. A abordagem da primeira juventude de Paulo, um adolescente tímido e que se dizia feio, é talvez a parte inédita da trama. Ao tentar o suicídio, ele foi levado pelos pais, Pedro e Lígia interpretados pelos excelentes Enrique Dias, que rouba a cena, e pela curitibana Fabíula Nascimento a uma instituição psiquiátrica. Fugiu, foi trazido de volta e tomou choque elétrico. De volta pra casa, finalmente ganhou a máquina de escrever que pedia ao pai.
Nessa fase, a responsabilidade da interpretação ficou com Ravel Andrade, irmão de Júlio Andrade, que faz Paulo jovem e na maturidade. É o primeiro longa-metragem do ator que, por causa do filme, conseguiu trabalhos na novela Império e também na série Sessão de Terapia do canal pago GNT no papel do jovem niilista Diego. Além da preparação com o argentino Eduardo Milevitz, Ravel visitou hospitais psiquiátricos para sentir a "energia" do lugar. "Essas internações foram muito difíceis para ele [Paulo Coelho], e eu sabia somente o que todo mundo sabe, da espiritualidade do mago. Foi surpreendente. Ele é um cara forte, que chegou onde chegou pela força de vontade", frisa.
Júlio Andrade que realizou uma transformação surpreendente para viver Paulo maduro, com maquiagem feita pela mesma equipe do longa O Labirinto do Fauno (2006), de Guillermo del Toro quer que o filme contribua para esclarecer fatos sobre o escritor. Além de dizimar certos preconceitos. "Paulo Coelho não era nenhum burguês que ganhou tudo, ele foi atrás", diz o ator, que ficava cerca de cinco horas a mais no set de filmagem para a transformação.
Raul
As desavenças com o pai se tornaram tão épicas que Paulo resolveu ir morar com o avô, mais aberto e compreensivo com os sonhos do "desajustado" neto. Foi neste período, quando editava uma revista alternativa e se aventurava no mundo espiritual, que o baiano Raul Seixas (1945-1989), então executivo da CBS, bateu à sua porta. Os dois começaram uma parceria que deslanchou a carreira de Raul Daniel Augusto, inclusive, conheceu os livros de Paulo por causa das letras. "Muita gente se surpreende ao saber que o Paulo é o autor de Guita e também de O Alquimista", acredita.
Talvez, o gosto pessoal do diretor tenha influenciado: a vivência e os conflitos do escritor com Raul são algumas das partes mais interessantes do longa, que traz ainda a breve prisão de Paulo pela ditadura militar. Ele foi considerado subversivo, mas nunca teve postura política a conexão cósmica era a sua praia.
Apesar da narrativa fragmentada, que vai e volta no tempo, fórmula que já virou um cacoete em cinebiografias, e as belas paisagens do Caminho de Santiago, a história, fascinante, não é fácil e não tem tom novelesco. Com ótimo roteiro e trilha sonora, Não Pare na Pista... é um bom drama. Algo que anda em falta no cinema brasileiro. GGG1/2
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