• Carregando...
Adriana Calcanhotto, toda preta, sob chuva de confetes coloridos: samba camerístico | Caroline Bittencourt/Divulgação
Adriana Calcanhotto, toda preta, sob chuva de confetes coloridos: samba camerístico| Foto: Caroline Bittencourt/Divulgação

Show

Micróbio ao Vivo

Adriana Calcanhotto. Canal Multishow. Domingo, 3 de junho, às 21 horas. O CD e o DVD chegam às lojas, pela Sony Music, na segunda quinzena de junho.

E vamos ao clichê: há males que se tornam bençãos, ou estímulos à criatividade e à invenção. Depois de ter lançado, em março do ano passado, o bonito álbum Micróbio do Samba, resultado da incursão da cantora e compositora gaúcha Adriana Calcanhotto por um gênero musical com o qual sempre teve afinidade, mas que não não havia rendido mais do que flertes esporádicos em sua carreira, a artista se viu diante de um impasse. Fazer ou não uma turnê para divulgar o disco, ou melhor, para lhe dar outra vida, enquanto música executada ao vivo?

Quando finalmente chegou à conclusão de que sim, aqueles sambas escritos ao longo de quatro anos mereciam chegar ao palco, e as primeiras datas de apresentação, em Portugal, foram marcadas, Adriana levou uma rasteira do seu próprio corpo: uma grave lesão no punho direito a impediriam de tocar violão, instrumento com o qual havia composto as canções, e espinha dorsal dos arranjos presentes no disco. Chegou a achar que era melhor desistir, conformar-se, dar o caso por encerrado. Não conseguiu.

O tal micróbio do samba, então, começou a entrar em mutação – e, mesmo assim, apenas para a turnê anã portuguesa, que teria somente três shows e ponto final. Mas daí a criatura, sem que ela se desse conta, havia ganho vida própria: o carioca Davi Moraes, ás do violão e da guitarra, então assumiu o instrumento (além do cavaquinho) do qual a cantora nem poderia chegar perto. "E é claro que tudo mudou, apesar de ele ter mantido minha batida, porque eu toco um violãozinho de compositora, e ele é um profissional. Acabou trazendo possibilidades, camadas todas dele", contou Adriana em entrevista concedida à Gazeta do Povo por telefone.

O resto do time, que já havia particpado da gravação do CD, permaneceu firme e forte em suas funções: Alberto Continentino, no baixo acústico, e Domenico Lancellotti, na bateria e MPC. Com os dois, a cantora já tinha longa intimidade, desenvolvida ao longo dos projetos infantis Partimpim 1 e 2, que foram primeiro discos, depois shows e DVDs ao vivo.

E Micróbio ao Vivo, que deveria se limitar a reles três apresentações na Terrinha, ganhou o mundo: passou pela Itália, Suíça, Eslovênia e até pelo Japão, sem falar nas apresentações feitas no Brasil. Uma delas, gravada em 15 de outubro de 2011 no Espaço Tom Jobim, no Rio de Janeiro, serviu de base para o especial que o canal pago Multishow exibe neste domingo, às 21 horas, antes de chegar às lojas sob a forma de CD e DVD. O registro audiovisual do show tem a direção de Clara Cavour.

Preto

À primera vista as imagens do show causam certo estranhamento. Um show de samba com quatro músicos, incluindo a cantora, todos vestidos de preto (os figurinos são de Gilda Midani) em um palco escuro, vazio, salvo pelos instrumentos, alguns estranhos, e uma chuva colorida de confetes? Como assim? Adriana conta que, fora do Brasil, houve mesmo um certo susto por parte do público que foi vê-la. "Muita gente acha que samba se limita ao que se vê na avenida durante o carnaval e leva um tempo para compreender que há outras possibilidades, mas a resposta é sempre muito positiva", diz Adriana, que, longe do violão, ocupou-se de uma mesa de instrumentos eletrônicos e objetos, livre para improvisar. Em tempo: o pulso de Adriana, depois de uma cirurgia, está melhor e ela está voltando aos poucos ao violão. Sem pressa.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]