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Show de Raul Seixas no Ginásio do Atlético em 1989 virou lenda urbana |
Show de Raul Seixas no Ginásio do Atlético em 1989 virou lenda urbana| Foto:

Se tem alguém que pode ser definido como o maior fã de Raul Seixas, ele se chama Sylvio Passos. Fundador do Raul Rock Club, o fã-clube oficial do cantor, consultor e entrevistado do documentário Raul – O Início, o Fim e o Meio, Passos é o "guardião" da história do músico, de quem foi amigo pessoal. Os dois se conheceram em 1981 e Raul confiou a ele todo o seu acervo pessoal. Ele guarda em sua casa, em São Paulo, preciosidades como a bandeira que cobriu o caixão do músico, o pijama, a famosa capa usada por ele na época mais mística, das parcerias com Paulo Coelho, e o colete do videoclipe "Gita".

O trabalho de Passos, que já se estende por 33 anos e é feito voluntariamente, inclui ainda projetos como lançamentos de materiais inéditos. No próximo dia 21, saem dois discos pela gravadora Eldorado: um de um show feito em 1974, em Minas Gerais, e outro de 1981, no 2º Festival de Águas Claras, no interior de São Paulo. Ele também se dedica a um projeto que prevê o resgate da obra de Seixas em vinil. Além disso, Passos formata outro projeto para a criação do Memorial Raul Seixas, que abrigaria todos os materiais sobre o "maluco beleza". Leia os principais trechos da entrevista:

Para você, qual espaço que Raul Seixas ocupa na música popular brasileira?

O Raul é o maior símbolo do rock brasileiro. É fato. Ele virou o super herói do rock, transcendeu e conseguiu abranger todo o aspecto musical brasileiro, passando pela MPB, por várias tribos do rock e pela música regional. É um artista único. Não tem nada que se assemelhe a ele, principalmente, pelas manifestações do norte ao sul do Brasil. Os brasileiros lá fora também estão gritando "toca Raul", seja no Oriente ou na Europa. É um fenômeno que nem Raul esperava.

Falando sobre o "toca Raul", o bordão não ficou um tanto pejorativo?

Tem os dois lados: dos fãs e da tiração de sarro, mas não vejo maldade, acho bacana. O Raul tinha um poder de síntese muito grande. Ele levou para as massas assuntos complexos, como filosofia, metafísica, de maneira direta, sempre quis falar com as massas, para o povão. Não se sabe onde o bordão começou, provavelmente, em um show em Salvador, uma semana depois da morte dele. É uma brincadeira saudável, e também um reconhecimento. Não existe um "toca Caetano" ou "toca Lulu". Na cinebiografia de Paulo Coelho, Não Pare da Pista [em cartaz nos cinemas], uma das cenas mostra Raul dizendo ao autor que ele precisava de músicas mais simples, pois o Paulo "falava difícil"...

O Paulo foi o melhor aluno do Raul, que tinha algo meio professoral. Nos quase dez anos que convivi com ele, eu sempre aprendia algo. Mas, o Paulo aprendeu tão certo a lição que conquistou o mundo. E, ao contrário do que se diz, os dois não romperam totalmente. Houve desentendimentos, porque o Paulo sempre quis ser escritor, não estava mais interessado na música. Até o fim da vida do Raul, os dois sempre se falaram. O Raul continua conquistando novos fãs e mantém essa adoração. A que você atribui esse fenômeno?

Primeiro, ele sempre focou nas massas, e agradou a todas as classes sociais. Ele se manteve porque trabalhou um elemento legal, que é a atemporalidade. As músicas dele cabem em qualquer época, e ele focava na juventude, que tem um processo renovador sempre. Com isso, entendemos como 25 anos depois de sua morte, Raul está mais presente do que muitos artistas vivos. Quais são os projetos com o legado de Raul – no caso do acervo de materiais, há ideias para fazer uma grande exposição?

Fiz algumas exposições pequenas e já recebi propostas de museus, mas sempre vieram em época de eleição ou partindo de algum político, então, não quis. Estou com um projeto para fundar o Memorial Raul Seixas, em parceria com grandes empresas. Existe essa possibilidade. Será a oportunidade de catalogar todos os materiais com profissionais qualificados, trabalho que eu não consegui fazer. Também sai no dia 21 dois discos pela Eldorado, um de um show feito em 1974, em Minas Gerais, e outro de 1981, no 2º Festival de Águas Claras. Estamos trabalhando em um resgate da obra de Raul em vinil, com edições caprichadíssimas e numeradas, sempre com algo inédito, com alguma faixa-bônus. Vamos traduzir esse trabalho para o século 21.

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