Mark Wahlberg e Christian Bale são irmãos unidos pelo boxe e separados pelo crack| Foto: Divulgação

O Vencedor

(The Fighter, EUA, 2010). Direção de David O. Russell, Com Mark Wahlberg, Christian Bale, Melissa Leo e Amy Adams. Concorre ao Oscar nas categorias de melhor filme, direção, roteiro original, atriz coadjuvante (Melissa Leo e Amy Adams), ator coadjuvante e edição.

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O boxe no cinema já serviu de artifício tanto para elevar a moral da sociedade norte-americana quanto para denunciar a decadência de seus valores. Rocky, um Lutador (1986) e Touro Indomável (1980) são duas obras que representam bem essa dicotomia, evidenciando, respectivamente, a conquista de um sonho e a dura realidade do esquecimento. O Vencedor, indicado ao Oscar de melhor filme este ano, parece trazer em sua narrativa esses dois contrastes.

No longa-metragem de David O. Russell (Três Reis), Mark Wahlberg vive o pugilista Micky Ward. Na trama, o lutador é um jovem dedicado que, com esforço, consegue alcançar a vitória. Em muitos momentos, sua situação lembra a de Rocky Balboa. Seu meio-irmão, Dicky Eklund (Christian Bale), se parece mais com Jake La Motta no fim da carreira. O personagem é vi­­ciado em crack e se agarra aos seus poucos momentos de fama na ilusão de ter um retorno triunfal aos ringues.

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A determinação em voltar para os holofotes leva o personagem de Bale (em uma das melhores atuações de sua carreira) a treinar o meio-irmão. Mas essa relação acaba prejudicando o desempenho de Ward, que se vê ofuscado pela figura de Eklund. A relação entre os dois só se complica com a interferência da mãe, que atua como em­­presária da família. Alice (Me­­lissa Leo), que ainda tem outras sete fi­­lhas, não faz questão de es­­conder sua predileção por Dicky.

Com essa teia de relações familiares complexas, O Vencedor parece se apropriar do boxe para discutir problemas do cotidiano doméstico. Micky Ward age como uma criança enfrentando o divórcio dos pais, forçado a fazer escolhas que não quer. A interpretação de Wahlberg chega a ser angustiante nos momentos de silêncio em que lhe é exigido autonomia.

A fotografia realista e as interpretações naturais dão ao filme de O. Russell um ar de verossimilhança. Algo acentuado pelo fato de ser uma narrativa baseada em uma história real. Há inclusive um personagem, o policial O’Keefe, interpretando a si mesmo na trama. Além de melhor filme, a produção ainda concorre a outros seis Oscars – incluindo direção, atriz coadjuvante (Melissa Leo e Amy Adams) e ator coadjuvante (Christian Bale). Como em Rocky, um Lutador e Touro Indomável, O Vencedor é uma obra mais interessada nas pessoas por trás do esporte do que nele em si.

O Caderno G publica hoje as críticas dos quatro últimos longas-metragens indicados ao Oscar de melhor filme. Os vencedores serão conhecidos amanhã à noite

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A cerimônia de entrega do Oscar será transmitida amanhã, direto de Los Angeles, pela RPCTV, logo após o Big Brother Brasil 11, e pelo canal pago TNT, a partir das 22 horas.

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Os jornalistas Paulo Camargo e Irinêo Baptista Netto, do Caderno G, comentam os filmes indicados ao Oscar 2011 em podcast que pode ser ouvido no site (clique aqui)

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