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Cada tempo tem suas normas e códigos

Tanto o comportamento da estudante Geisy Arruda, considerado "ousado e inadequado" por alguns, quanto a violenta e desproporcional reação de seus colegas da Universidade Bandei­­rantes estão inseridos em um contexto sociocultural e histórico: Brasil, 2009.

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Sexistas, homofóbicos e individualistas?

O caso Geisy pode revelar muitos aspectos da sociedade contemporânea. O coordenador do Centro de Estudos sobre Segurança Pública e Direitos Humanos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Pedro Bodê, afirma que o incidente que aconteceu na UniBan é um recorte revelador do Brasil.

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Indústria cultural vende comportamentos

Em um mundo onde as distâncias pouco significam graças à globalização e às tecnologias, jo­­vens da China, do Brasil ou da Di­­namarca já sonharam em estudar bruxaria em Hogwarts, na carteira ao lado do inglesinho Harry Potter.

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Uma questão de pertencimento

Você só ouve sertanejo? Só rock? Ou é a música erudita que sai de seus fones de ouvidos ou do som de seu carro? De acordo com entrevistados pela Gazeta do Povo, a preferência por determinado tipo de estilo musical e o ortodoxismo presente nessa escolha seria, ao invés de opção culturalmente limitadora, uma forma possível de inserção social.

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Nem conservadores e nem liberais, apenas estúpidos

Não deve ser coincidência o fato de que as tiranias políticas, em especial as do século 20, usaram o jovem como figura máxima de sua representação e ação política. A frase do "jovem como agente de transformação da sociedade" ou qualquer uma de suas derivações tornou-se um bordão ideológico para qualquer situação.

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Após o ataque dos estudantes da UniBan, universidade com sede em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, à colega Geisy Arruda, no dia 22 de outubro, a imprensa deu voz a inúmeras reflexões de diversos setores da sociedade sobre o caso. Boa parte delas relaciona a revolta contra a estudante de Turismo, que usava um microvestido rosa (quase vermelho), a um crescente conservadorismo dos jovens brasileiros.

O comportamento, não-liberal da juventude tem sido evidenciado em pesquisas co­­mo a publicada em agosto pela Uni­­versidade Federal de Per­­nambuco – UFPE. O levantamento ouviu 600 estudantes na faixa de 22 anos de instituições de ensino superior públicas e privadas de Recife (PE). Revelou que 81% dos entrevistados discordam da liberação da maconha; 76% são contra o aborto, a não ser em casos de estupro e risco à saúde, e 68% acham que não há melhor programa de lazer do que praticar esportes e frequentar praias, teatros e cinemas.

São aspectos positivos do conservadorismo, considera a psicóloga Rosa Endo, professora da Universidade Tuiuti do Paraná, especialista em orientação vocacional. "Ao acalentar esses valores o jovem de hoje não se expõe, se mantém em uma relação estável, é fiel ao parceiro", exemplifica. Ela não considera o lamentável episódio ocorrido na universidade paulista um demonstrativo de conservadorismo. "Aquilo foi histeria coletiva, um estouro da manada. As pessoas perdem o controle quando assumem a identidade do grupo. É claro que as motivações do incidente estão relacionadas a valores moralistas, mas não houve um movimento que o gerasse", explica Rosa.

O jovem não é conservador nem revolucionário no entendimento de Ana Luísa Fayet Sallas, professora do departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Paraná. "Cada época tem perfis diferentes de jovens, há desde o mais avançado, até o mais conservador", diz, lembrando que, como em qualquer faixa etária, há jovens intolerantes, que não respeitam a diferença do outro.

Uma das autoras do livro Os Jovens de Curitiba: Esperanças e Desencantos – Juventude, Violência e Cidadania (Editora da Uni­ver­­sidade Federal do Paraná, 2008), Ana Luísa não diferencia o comportamento da juventude daquele de qualquer outro brasileiro. "No discurso todos querem ser modernos, mas vemos que na prática não é assim. Este comportamento nos caracteriza como brasileiros. Queremos ser avançados, mas reproduzimos formas de discriminação, repressão, temos atitudes reacionárias."

Uma pesquisa encomendada pela Gazeta do Povo ao Instituto Paraná Pesquisas revelou que o preconceito contra o homossexualismo é menor do que no passado, sim, mas, por enquanto, apenas da porta de casa para a rua. Dentre os 605 moradores de Curitiba maiores de 16 anos, entrevistados nos dias 27 a 29 de outubro, mais da metade, (53%), diz que não faria nada se um amigo se declarasse gay, contudo se fosse um filho ou um sobrinho, por exemplo, 33% afirmam que tentariam fazê-lo mudar de orientação sexual.

As pessoas costumam associar o jovem ao novo, ao desejo de mudança. A professora Ana Luísa diz que, de acordo com estudos sociológicos recentes, a idéia não passa de ilusão, mesmo em épocas em que os grandes movimentos pela democracia e pela liberdade estavam associados aos estudantes universitários. "Em 1968, alguns grupos optaram por estar na vanguarda de renovação. Mas a maioria dos jovens obedecia aos valores morais dominantes", diz Ana Luísa.

Se, há algumas décadas, casar era retrógrado, "coisa do passado", hoje nunca se viu tantas pessoas se casando. E se separando, como indicam os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no relatório "Estatísticas do Registro Civil 2008. Em 2008, foram registrados 959.901 casamentos no Brasil – 4,5% a mais que no ano anterior, mas foram feitos também 188.090 divórcios, uma taxa recorde de 1,5%, a maior dos últimos dez anos.

"Há um deslumbramento em torno deste ritual, o casamento tornou-se um evento da ilha da fantasia, um passeio pela Disney, que se encerra no dia a dia a dois. O fato de as pessoas se casarem mais não indica que elas estão mais conservadoras, mas que há uma adesão ao consumo vinculado a essa forma ritual", diz a socióloga.

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