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São duas pequenas áreas, se comparadas com a imensidão do planeta. Mas ainda assim elas são suficientes para colocar o Paraná em uma posição melhor do que a de mais de 100 países no mapa de áreas remanescentes de florestas, um atlas preparado pela organização não-governamental Greenpeace. A entidade promoveu o lançamento internacional do documento nesta terça-feira, durante as discussões da 8.ª Conferência das Partes da Convenção de Diversidade Biológica (COP8), no Expo Trade, em Pinhais.

É a primeira vez que a ONG divulga um relatório sobre zonas de floresta preservada, apontando que menos de 10% da superfície terrestre têm grandes áreas de mata nativa. Esse total está dividido em 66 países, sendo que 95% dos blocos estão em apenas 20 nações. A estimativa da ONG é de que, para garantir que essas áreas remanescentes não sejam dizimadas, seriam necessários investimentos na ordem de US$ 22 bilhões anuais. Hoje são destinados US$ 7 bilhões tanto para a conservação de florestas quanto de oceanos. A triste notícia é que 82 países não têm mais nenhuma grande área de mata.

A América Latina está bem no mapa, com 34% de todas as florestas intactas, especialmente por conta do porção amazônica, mas também por causa da Patagônia. Nesse cenário, o Brasil tem destaque: concentra 19% das matas remanescentes de todo o mundo. A maior parte está na Amazônia e, além do Paraná – que tem o Parque Nacional do Iguaçu e trechos da mata atlântica na Serra do Mar –, constam ainda o Pantanal e duas áreas esparsas (uma em São Paulo e outra no interior do Nordeste).

As duas áreas paranaenses já haviam sido identificadas como ilhas de preservação importantíssimas pelo atlas de remanescentes feito pela Fundação SOS Mata Atlântica. "Esse mapa reafirma o papel importante do Brasil no cenário mundial", destaca o coordenador de campanhas no Brasil do Greenpeace, Marcelo Furtado. Ele ainda lembra que, se nada for feito, há risco da perda de biodiversidade sequer conhecida.

Para chegar ao mapa, o Greenpeace usou imagens de satélite feitas nos anos de 2001 e 2002, e considerou apenas os trechos com mais de 500 quilômetros quadrados. A idéia era realmente indentificar os chamados blocos intactos, onde as estratégias de conservação da biodiversidade poderiam ter efeito ampliado. "Levamos 25 anos para fazer um mapa porque queríamos critérios globais e dados consistentes", conta Alexey Uarosenkov, um dos responsáveis pelo mapeamento.

Nos bastidores, integrantes de outras ONGs acusavam o Greenpeace de emitir um relatório superficial, com base em dados muito gerais. A verdade é que cada organização investe em um critério diferente de identificação de áreas: a WWF prefere mapear o que chama de ecorregiões, privilegiando as áreas de biodiversidade ampla, e a Conservation Internacional opta pelos hotspots, com zonas de concentração de espécies ameaçadas.

Oceanos

Juntamente com o atlas de florestas, o Greenpeace divulgou um mapa das áreas marinhas ameaçadas. "São áreas além das 200 milhas da costa, que não são controladas por nenhuma nação individualmente", explica Callum Roberts, professor universitário especialista em oceanos. A pesca de arrastão em águas profundas seria a principal ameaça. Para tentar evitar a perda de diversidade, a ONG propõe a criação de 25 reservas marinhas. O desafio é conseguir que a Organização das Nações Unidas (ONU) adote a proposta. Como se tratam de áreas de águas internacionais, a criação das unidades depende de ações conjuntas dos países.

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