• Carregando...

O Teatro Guaíra apresenta amanhã de manhã uma prévia da temporada da ópera La Serva Padrona, de Giovanni Battista Pergolesi (1710-1736). O ingresso para a pré-estréia, no Guairão, custa apenas um quilo de alimento não-perecível. O teatro também tem três outros espetáculos com preços populares às 11 horas da manhã, nos auditórios menores. A partir de quarta-feira, a ópera terá temporada no Guairinha, com entrada a R$ 16. Serão cinco apresentações, até domingo.

La Serva Padrona é a segunda ópera que o Guaíra emplaca no ano, depois de um jejum que se arrastava desde 1996. A primeira temporada de 2005 foi de La Bohème, de Puccini. Para provar que a partir de agora vai investir em novas produções, o teatro já agendou uma terceira obra para este ano. Em setembro, a cidade vai ter mais um Puccini. Desta vez será Gianni Schicchi, que já está em fase de pré-produção.

O maestro titular da Orquestra Sinfônica do Paraná, Alessandro Sangiorgi, nunca escondeu que seu plano era fazer todos os anos, a partir de 2005, quatro óperas por ano. Dos projetos que tinha planejado para esta temporada, três deram errado. La Serva Padrona acabou entrando como uma substituta, por ser mais curta e exigir menos dinheiro para ser feita. A versão que será apresentada custou apenas R$ 40 mil. Uma pechincha que só foi possível porque todos os envolvidos estão trabalhando quase de graça.

Escrita no começo do século 18 pelo jovem Pergolesi – que morreria com apenas 25 anos de idade – a ópera se transformou em um sucesso inesperado. Originalmente, foi composta para ser exibida entre dois atos de uma ópera dramática mais longa. Por isso, tem só 45 minutos de duração. A idéia era dar um divertimento leve ao público entre as partes lacrimosas dos dramas de época. O curioso é que hoje ninguém mais nem se lembra qual era a ópera dramática que se tocava antes e depois de La Serva Padrona. Foi a pequena obra-prima cômica de Pergolesi que vingou.

O enredo é simples: uma criada muito inteligente se apaixona pelo patrão da casa em que sempre viveu. Com o auxílio de um colega mudo, passa a bolar mil modos de fazer o dono da casa perceber seus sentimentos, para que ele faça uma proposta de casamento. Normalmente, os três personagens estão sozinhos em cena. No Guaíra, haverá mais quatro atores em cena, em papéis criados pelo diretor de cena, Roberto Innocente, um especialista em commedia del’arte vindo da Itália para a montagem.

Os cantores que farão os dois papéis foram escolhidos por meio de concurso. O baixo Bruno Spadoni e a soprano Tatiana Aguiar são ambos profissionais mas ainda em começo de carreira. Mauro Zanatta, da Escola do Ator Cômico, fará o papel do empregado mudo. "É um tipo de ópera diferente do que a gente está acostumado a cantar", diz Tatiana, que fez um dos papéis de La Bohème há dois meses no Guairão. "Nas óperas dessa época, antes do romantismo, é preciso fazer tudo mais claro, não se pode exagerar na interpretação", comenta ela, que se mudou para Curitiba neste ano.

Além de abrir vagas para cantores, o Guaíra também fez seleção de 18 outros profissionais. Foram contratados desde uma assistente de direção até iluminadores e figurinistas. O objetivo, além de diminuir os custos, era selecionar pessoas que possam passar por um processo de aprendizagem durante a montagem. Sangiorgi diz que no seu projeto deverá haver uma ópera montada dessa maneira todos os anos. Para 2006, por exemplo, ele já está trabalhando em um Don Giovanni, de Mozart, que deverá ser montado com alunos da Escola de Música e Belas Artes do Paraná.

* Serviço: La Serva Padrona. Guairão (Pça. Santos Andrade, s/n.º), (41) 3315-0979. Música de Gianbattista Pergolesi. Libreto de G. A. Frederico. Regência de Alessandro Sangiorgi. Direção cênica de Roberto Innocente. Com Tatiana Aguiar, Bruno Spadoni e Mauro Zanatta. Amanhã, às 11 horas. Ingresso: um quilo de alimento não-perecível.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]