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Uma das cenas que entraram para a galeria de imagens imortais do cinema: a bicicleta de Elliot alçando voo diante de uma estonteante Lua cheia com o E.T. na cestinha | Divulgação
Uma das cenas que entraram para a galeria de imagens imortais do cinema: a bicicleta de Elliot alçando voo diante de uma estonteante Lua cheia com o E.T. na cestinha| Foto: Divulgação

793 milhões

de dólares é a bilheteria mundial acumulada por E.T. – O Extraterrestre.

  • Momento da partida: E.T. volta para casa. Drew Barrymore faz amizade com a criatura de outro planeta

Sucesso não era novidade para Steven Spielberg quando E.T. – O Extraterrestre chegou aos cinemas há 30 anos. Ele já tinha em sua filmografia arrasa-quarteirões do porte de Tubarão (1975) e Caçadores da Arca Perdida (1981), ambos indicados ao Oscar de melhor filme. E também havia feito sua primeira incursão pelo território da ficção científica, com o hoje clássico do gênero Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977), no qual teve o privilégio de contar no elenco com o cineasta francês François Truffaut (1932-1984).

VÍDEO: Assista a trechos de E.T. – O Extraterrestre

O impacto cultural de E.T., no entanto, foi muito além do que qualquer experiência de êxito que o diretor houvesse vivenciado até então. O filme não apenas quebrou todos os recordes de bilheteria, que Spielberg só superaria 11 anos mais tarde, com O Parque dos Dinossauros. Ele conseguiu criar uma obra atemporal, capaz de encantar e emocionar crianças e adultos na mesma medida, o que o aproximou de outro gênio da cultura popular norte-americana: Walt Disney.

Até E.T. – O Extraterrestre, a ficção científica era mais ligada a gêneros como o terror, sobretudo durante os anos da Guerra Fria, quando serviu muitas vezes como metáfora para falar da ameaça comunista. Em 1977, com o estrondo causado pelo sucesso de Star Wars, a sci-fi havia se transfigurado em misto de fantasia e romance de cavalaria espacial. E até tinha ganho status de cinema de arte, com toques ensaísticos, em obras densas como 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968) e Solaris (1972).

Mas, talvez, o contraponto mais óbvio de E.T. seja mesmo Alien – O Oitavo Passageiro, lançado dois anos antes com enorme sucesso. No filme de Ridley Scott, que acaba de ganhar um prólogo, Prometheus, a ideia da vida extraterrestre suscitava horror, e foi interpretada por muitos como uma alusão à epidemia da aids, que começava a ceifar vidas ao redor do mundo – numa das suas se­­quências mais fortes, a criatura, inoculada por um dos integrantes de uma expedição espacial (vivido por John Hurt) como um vírus, eclode de seu ventre, tirando-lhe a vida.

Em E.T., entretanto, o ser que chega do espaço não representa uma ameaça. Pelo contrário: somos nós, os terráqueos adultos, os grandes vilões.

Criança grande

Nascido em 1946, em Cincinnati, no estado de Ohio, Spielberg transpôs para E.T., cujo roteiro foi escrito por Melissa Mathisson (ex-mulher de Harrison Ford), muito de sua atribulada infância suburbana. O garoto Elliot (Henry Thomas) tem inúmeros pontos em comum com o diretor, que, como seu personagem, sofreu as consequências da dolorosa separação dos pais e da ausência paterna. Aliás, a ideia de crianças em situação de risco é recorrente na obra do diretor, e pode ser observada de Contatos Imediatos do Terceiro Grau a O Parque dos Dinossauros, passando por A Lista de Schindler (1994) e A Guerra dos Mundos (2005). O mundo é um lugar perigoso para os pequenos.

Por muito tempo, inclusive, o cineasta foi acusado de ser um "menino grande", o que, de certa maneira, explicaria sua obsessão por projetos que contemplam o universo infantil, direta ou indiretamente, seja como diretor, em Hook – A Volta do Capitão Ganhcho (1991) e As Aventuras de Tintim (2011), ou como produtor, vide Goonies (1985) e Super 8 (2011).

Oscar

Vencedor de quatro Os­­cars (efeitos visuais, edição de som, som e trilha sonora), E.T. perdeu as estatuetas de melhor filme e direção para Gandhi, de Richard Attenborough. A derrota, contudo, não lhe impediu de virar uma referência em vários sentidos. Seja por ter revelado, ainda na infância, a estrela Drew Barrymore, por ter colado no imaginário popular imagens inesquecíveis, como a bicicleta de Elliot alçando voo diante de uma estonteante Lua cheia, ou por ter feito muito marmanjo chorar de se lavar no escurinho do cinema.

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