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Villa-Lobos: novo disco foi inspirado em momentos de crise | Christian Gaul/Divulgação
Villa-Lobos: novo disco foi inspirado em momentos de crise| Foto: Christian Gaul/Divulgação

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Nenung & Projeto Dragão convidam Dado Villa-Lobos

Teatro do Paiol (Praça Guido Viaro, s/nº – Rebouças), (41) 3213-1340. Dia 1º de junho, às 20 horas. R$ 60 e R$ 30 (meia-entrada).

  • Dado e o Projeto Dragão: show com o parceiro Nenung quer angariar fundos para construção de templo budista
  • CD-O Passo do Colapso - Dado Villa-Lobos. Acesso. R$ 28,90. Pop Rock.

A reflexão sobre crises e o questionamento a respeito do momento pelo qual passa a música impulsionou Dado Villa-Lobos, ex-guitarrista da Legião Urbana, a dar uma espécie de tema central ao seu segundo trabalho solo, O Passo do Colapso, lançado no mês passado. Algumas faixas desse novo CD farão parte do repertório do show que ele realiza sábado, 1.º de junho, no Teatro do Paiol, junto com Nenung (Luís Nenung, compositor e um dos maiores parceiros musicais de Dado) e Os The Darma Lóvers, na edição especial do Dharmastock. O evento tem a finalidade de angariar fundos para a construção de um templo budista em Curitiba.

Simpático à filosofia budista, mas sem seguir a religião, Villa-Lobos, que tem ouvido Cat Power e David Bowie no celular enquanto pedala pelo Rio de Janeiro, conversou por telefone com a Gazeta do Povo sobre o show em Curitiba, o disco e a febre cinematográfica sobre a antiga banda. Leia os principais trechos da entrevista:

O Dharmastock está arrecadando recursos para a construção de um templo. Qual a sua relação com a causa, você é budista?

Não sou budista, e o show é uma participação grande minha dentro do Projeto Dragão, que é do Nenung e dos The Darma Lóvers. O Nenung é um grande parceiro nos meus dois discos, e o cara que me apresentou ao budismo. Não a doutrina de Buda, mas a figura dele mesmo (Nenung), que traduz bem o budismo. Eu o admiro muito.

Como será o repertório do show?

É um híbrido entre o meu repertório, dos Darmas e da Legião, também.

Em uma apresentação no Rio de Janeiro no mês passado, você fez uma versão da música "3, 6, 9", da cantora Cat Power. Teremos alguma canção dela no show em Curitiba?

[Risos] Eu amo a Cat Power. É dessas artistas que te impulsionam a fazer música, que viram referência, uma espécie de "que bom que existe a Cat Power!". Ela lançou o disco Sun no ano passado, e eu andava meio reticente em lançar um CD meu, visto o colapso dessa indústria. Me perguntava: para quê? Já que a música é de graça pela internet... Aí eu comecei a perceber, com a compra do disco dela, feita pelo meu celular com um toque, que poderia dar certo. Ouvi o disco e achei fantástico, e fiz a versão uma vez só. Foi divertido.

O que tem ouvido ultimamente, além da Cat Power?

Comprei o Next Day [novo disco do David Bowie] de quem eu sou fã, e gostei muito. Recomendo. Tenho ouvido também Otra Cosa, da Julieta Venegas, que é muito bacana. Junto a isso, o mais do mesmo: escuto as minhas referências e coisas que gosto, como Radiohead, Iggy Pop, e por aí vai.

E você gosta de comprar pela internet e ouvir em Ipod e afins?

Eu escuto música basicamente no meu telefone. Eu pedalo muito pela cidade, aí boto o fone de ouvido e vou embora, em geral pedalando. Nesses momentos de traslado você acaba imergindo no universo da música, e esquece um pouco o mundo lá fora.

O Passo do Colapso é o seu segundo trabalho solo. Qual foi a inspiração para o título?

Foi algo que eu vinha sentindo ao longo de quatro, cinco anos. E é o tempo passando também. O disco abre com "Colapso", que diz: "Vou derreter o chão. Descer o morro. Minhas lágrimas são como fogo", que é o que acontece todo ano nos verões do Rio de Janeiro: chove e morrem várias pessoas. Um tipo de tragédia que poderia ser evitável e que ninguém faz nada. A crise econômica, social e política que a gente vive... Eu leio jornal todos os dias e o que acontece é um descaso com as pessoas, um escárnio. Esses elementos estão presentes diariamente e, às vezes, fico um pouco deprimido. Outra coisa é a demora de querer fazer um disco novo, já que penso muito sobre o que é a música popular hoje. Isso tudo veio a calhar como um mote, um enredo desse disco.

O CD tem várias participações, como de Mallu Magalhães, Marcelo Bonfá, Paula Toller, entre outros. Como foram esses encontros?

As participações começaram com o [baixista] Kassin. Chamamos o Marcelo Bonfá [ex-baterista do Legião Ur­­bana], e a minha banda tocou no disco também. Apesar dessas pluralidades, acabou tendo uma uniformidade. Seis meses depois do início do trabalho encontrei Mallu [Magalhães] e o Marcelo Ca­­melo, e ela, fofa demais, aceitou o convite. Achei que em "A Casa Cai" [faixa em que Mallu canta, composição de Nenung] seria legal uma voz feminina. O [guitarrista] Arto Lindsay era meu vizinho, e chamei ele para a versão em inglês de "Beleza Americana". Foram sempre convites para agregar valor, trazer uma força para a canção que talvez não existiria sem esses caras.

A Legião Urbana está em alta nos cinemas, com o filme Somos Tão Jovens [em cartaz] e Faroeste Caboclo (que chega aos cinemas hoje). Qual a sua percepção sobre esse movimento?

A Legião tem um valor inestimável na última geração da cultura jovem e musical, é algo que ainda move as pessoas. O que existe na coincidência da estreia próxima desses dois filmes prova que tudo aquilo ainda tem uma força grande.

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