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Aronofsky dirige a atriz Natalie Portman no set de Cisne Negro | Fotos: Divulgação
Aronofsky dirige a atriz Natalie Portman no set de Cisne Negro| Foto: Fotos: Divulgação

Consagrados

Irmãos Coen são veteranos da geração indie

Já consagrados com o Oscar (por Fargo e Onde os Fracos Não Têm Vez) e a Palma de Ouro em Cannes (Barton Fink – Delírios em Hollywood), os irmãos Ethan, 53, e Joel Coen, 56, podem dizer que são veteranos dentre os realizadores oriundos da cena independente que fizeram os melhores filmes de 2010. Ainda assim, com Bravura Indômita, também podem se vangloriar de terem feito o segundo western de maior bilheteria da história – só perdem para Dança com Lobos, de Kevin Costner.

Bravura Indômita, que tem estreia prevista para esta sexta-feira, se comunica com o resto da obra dos irmãos por revisitar – e, de certa forma, reinventar – convenções de um gênero fundamental do cinema norte-americano, algo que eles têm feito desde o início da carreira, nos anos 80.

Bravura Indômita é um remake do filme que finalmente deu, em 1970, a estatueta de melhor ator a John Wayne. Na versão dos Coen, quem vive o papel do pistoleiro bêbado e caolho é Jeff Bridges. O longa conta a história de uma menina (a revelação Hailee Steinfeld), que contrata o personagem de Jeff Bridges, um xerife em fim de carreira, para capturar o assassino de seu pai.

Cinemateca básica

Confira alguns dos principais filmes dos diretores:

Christopher Nolan

- Amnésia

- Insônia

- O Grande Truque

- Batman Begins

- Batman – O Cavaleiro das Trevas

- A Origem

Darren Aronofsky

- Pi

- Réquiem para um Sonho

- Fonte da Vida

- O Lutador

- O Cisne Negro

David Fincher

- Seven – Os Sete Crimes Capitais

- Vidas em Jogo

- O Clube da Luta

- Zodíaco

- O Curioso Caso de Benjamin Button

- A Rede Social

Ethan e Joel Coen

- Gosto de Sangue

- Arizona Nunca Mais

- Ajuste Final

- O Big Lebowski

- Barton Fink – Delírios de Hollywood

- Fargo

- O Homem Que Não Estava Lá

- Onde os Fracos Não Têm Vez

- Bravura Indômita

  • Joel e Ethan Coen ao lado da novata Hailee Steinfeld em Bravura Indômita
  • Nolan, Leonardo DiCaprio e Cillian Murphy, durante a filmagem de A Origem
  • Fincher é o favorito para levar o Oscar de melhor direção, por A Rede Social

Quando as indicações ao Oscar forem anunciadas na próxima terça-feira (25), é bem provável que na lista de concorrentes a melhor diretor estejam nomes que há dez anos, ou menos até, eram considerados alternativos e independentes demais para figurar entre os mais cotados pelos estúdios de Hollywood. A crítica e os cinéfilos já os havia descoberto, mas a indústria ainda não tinha encontrado lugar para o que faziam.

À medida em que a geração de Francis Ford Coppola, Martin Scorsese, Steven Spielberg, George Lucas e outros realizadores da mesma safra se aproxima ou já passou dos 70 anos, é natural que outros nomes comecem a se impor. O interessante é perceber que, mesmo em projetos realizados dentro do esquema do chamado cinemão, e portanto destinados a um público bem mais amplo e menos exigente do ponto de vista estético, vários deles vêm conseguindo manter os traços autorais.

Favorito ao Oscar 2011, David Fincher, 48 anos, disse, ao receber o Globo de Ouro de direção por A Rede Social, no último domingo, que seu nome era mais identificado como o de um autor de filmes sobre sociopatas e serial killers, e não parecia destinado a se tornar habitué das festas de premiações. Enganou-se.

De fato, dois dos melhores longas-metragens de Fincher, Seven – Os Sete Crimes Capitais e Zodíaco giram em torno das investigações de crimes cometidos por assassinos em série. E um de seus títulos mais autorais e cultuados, O Clube da Luta, tem como protagonista (Edward Norton) um sujeito bipartido pela esquizofrenia.

Já com O Curioso Caso de Benjamin Button, baseado num conto de F. Scott Fitzgerald, Fincher se aproximou mais do que a indústria espera de "um filme de prestígio". Tanto que foi indicado a uma penca de Oscars. Mas, se prestarmos atenção, a fábula sobre um ho­­mem que nasce velho (vivido por Brad Pitt) para rejuvenescer ao longo da vida e morrer na primeira infância, mas sofrendo de demência senil, vamos encontrar uma marca evidente que permeia a obra do diretor: a atração por personagens marginais, sempre em diálogo com o grotesco.

Portanto, A Rede Social não é tão estranho assim dentro do corpo da filmografia de Fincher. A trajetória de Mark Zuckerberg, criador do Facebook, é usada como metáfora para falar de um mundo no qual relacionamentos virtuais, possibilitados pela revolução digital, en­­curtaram as distâncias geográficas, mas também têm desumanizado a natureza desses elos frágeis. Zuckerberg (Jesse Eisenberg) é retratado com um jovem misantropo, ensimesmado e capaz de passar por tudo e todos para atingir o sucesso.

Do ringue ao balé

Outro diretor que deve estar entre os cinco concorrentes ao Oscar, e pela primeira vez, é o norte-americano Darren Aronofsky, de 41 anos. Em 2008, o cineasta ganhou o Leão de Ouro no Festival de Veneza e ressuscitou a carreira do errático ator Mickey Rourke com O Lutador. Do submundo da luta-livre, e de uma abordagem direta e realista, Aronofsky deu uma pirueta em direção a seu novo longa.

Cisne Negro, que estreia 4 de favereiro no Brasil, recebeu dez indicações ao Bafta (Oscar da Grã-Bretanha), incluindo as de me­­lhor filme e direção, e deu a sua protagonista, Natalie Portman, o Globo de Ouro de melhor atriz de drama. A jovem estrela já é apontada co­­mo franca favorita ao Oscar por seu elogiado desempenho como a bailarina Nina Sa­­yers, que ganha o papel principal (o do Cisne Branco) duma produção de O Lago dos Cisnes, mas aos poucos vai perdendo a razão em um surto psicótico, e, simbolicamente (ou não, conforme a interpretação do espectador), se transformando em sua irmã gêmea e má (o Cisne Negro).

Festejado por sua originalidade e ousadia formal, Cisne Negro reaproxima Arnofsky de um cinema mais simbólico e metafórico, que vasculha o inconsciente labiríntico dos personagens, algo que já explorou com sucesso em Pi, sobre o complexo mundo da matemática, e Réquiem para um Sonho, mergulho angustiante e expressionista no universo dos consumidores de drogas.

Blockbuster

Dentre os possíveis indicados ao Oscar, o britânico Christopher Nolan, aos 40 anos, é o que fez a transição mais óbvia do cinema independente para as superproduções. Responsável pela reinvenção da franquia Batman (ele está prestes a iniciar a rodagem do terceiro longa), Nolan chamou a atenção no início dos anos 2000 com Amnésia, filme noir festejado pela crítica por conta do roteiro não linear, que como um quebra-cabeças, exige do espectador a disposição de construir a trama a partir de seus fragmentos desorganizados.

Esse desafio, de certa forma, também está em A Origem, grande êxito comercial em 2010, assim como foi Batman – O Cavaleiro das Trevas, uma das maiores bilheterias da história do cinema.

Em A Origem, um roteiro original de Nolan, o diretor fala sobre a possibilidade concreta de penetrar no mundo dos sonhos, por onde trafega seu angustiado protagonista, interpretado por Leonardo diCaprio.

Acusado de fazer um cinema cerebral, com mais forma do que conteúdo, o diretor inglês é hoje um dos (senão "o") mais cortejado pela indústria, que nele vê sinônimo de sucesso e inovação.

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