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Ballet de Moscow: elenco amador e produção problemática | Divulgação
Ballet de Moscow: elenco amador e produção problemática| Foto: Divulgação

O termo balé clássico refere-se ao domínio de uma técnica de dança virtuosa e disciplinada, tendo o seu início na França do rei Luiz 14 e seu auge na Rússia entre os anos de 1870 e 1900, onde as montagens dos balés refletiam a corte imperial russa com seus bailarinos "limpos, ricos e bem vestidos", fazendo com que o espetáculo fosse uma extensão do poder político da época. Porém, o legado deixado por este período tornou-se referência na formação de bailarinos e originou inúmeras companhias de balé mundo afora.

A Bela Adormecida é um balé com música de Tchaikovsky, baseado num conto de fadas do escritor francês Charles Perrault, repleto de elementos estéticos que habitam o imaginário coletivo. Entre­­tan­­to, o espetáculo do Ballet de Mos­­cow, apresentado na última quinta-feira (12), no Guairão, ficou muito aquém das expectativas de um grande clássico e foi "maçante".

Vimos graves problemas com a produção: cenário quebrado e de gos­­to duvidoso; figurinos estilizados e que não ajudavam os bailarinos – principalmente o figurino da Fada Má "Carabosse", que mais pa­­re­­cia saído de um musical –; sonorização com falhas e iluminação que deixava o fundo do palco escuro.

O elenco trazido é notadamente amador, e isso é percebido pelo desempenho medíocre dos solistas: a bailarina que fez a Princesa Aurora tinha uma técnica limpa, mas sem carisma algum; o rapaz que interpretou o Príncipe Desiré era fraco e inseguro e somente a bailarina que fez a Fada Lilás tinha alguma presença e porte profissionais. O corpo de baile estava desigual e por pouco os bailarinos não derrubaram o cenário. A coreografia que os diretores da companhia tentaram remodelar não ajudou, com momentos patéticos como o do dueto do rei e da rainha, e outro em que a Fada Má sobe no pescoço do príncipe.

O público, que não lotou desta vez o Guairão, começou aos poucos a ir embora, tanto que no 2.º ato a plateia já estava com várias cadeiras vazias e as palmas durante o espetáculo foram minguando.

Já tínhamos conhecimento de que as companhias russas trazem para o Brasil seu décimo elenco, pois elas acreditam que o público é ignorante e não sabe distinguir uma produção de qualidade. Não sabem que temos excelentes profissionais e que nossas companhias há muito tempo montam com competência as grandes obras do balé clássico.

O que incomoda é o público pagar R$ 120 para ver um trabalho que deveria ser excepcional, mas que não passa de um engodo. Os empresários que trazem estes espetáculos têm um único objetivo comercial: ganhar dinheiro. As pessoas deveriam pedir os valores pagos de volta e buscar maiores in­­formações sobre ao que irão assistir para que não haja decepções.

A arte da dança está em constante evolução, a técnica e o repertório passam por modificações; atualmente temos excelentes companhias de balé clássico em vários países e a Rússia já não é mais a sua única guardiã.

*Eleonora Greca é primeira bailarina do Ballet Teatro Guaíra.

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