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Lançado nacionalmente no início do mês passado, a comédia O Diabo a Quatro – longa-metragem de estréia da cineasta Alice de Andrade – ainda não chegou às salas de exibição curitibanas. Mas sua trilha sonora, lançada pelo selo carioca Biscoito Fino, já pode ser encontrada por aqui. Com direção musical de Pedro Luís (do grupo Pedro Luís e a Parede), a trilha segue o rumo dos personagens centrais da trama, cujas trajetórias apontam em direções diversas.

Utilizando como pano de fundo o bairro carioca de Copacabana – exemplo ideal da dualidade entre realidade caótica e falsas aparências, que predomina em grande parte do perímetro urbano da capital fluminense –, os destinos de quatro personagens se entrecruzam e desvendam outras faces do cartão-postal mundialmente conhecido.

A musicalidade sugerida pelo filme dá sinais logo nos nomes de alguns dos personagens: Waldick (Netinho Alves), menino do interior que foge de casa; e Tim Mais (Márcio Libar), cafetão truculento, porém sensível. Um surfista maconheiro, uma garota seduzida pela vida noturna, um menino de rua e um cafetão coração-mole representam a diversidade de trajetórias e personalidades que habitam Copacabana, algo refletido na mesma medida na trilha sonora do filme.

O tema principal do longa-metragem, a canção "Quatro Horizontes", parceria de Pedro Luís com Lenine, é interpretada em duas versões – um choro e um maracatu –, ambas coerentes com os versos, que servem como uma espécie de introdução ao filme: "É que no fim da história/Eu vejo quatro horizontes/Há mar/Há montes de histórias/Mistérios/Sedes distintas".

As parcerias de Pedro Luís seguem na bossa nova "Na Trilha do Meu Sonho" (Zé Renato, ex-Boca Livre); na eletrônica "Mulher Perdida" (Fausto Fawcet) e nos temas feitos especificamente para alguns personagens, como o apresentador de tevê Fúlvio Fontes (Evandro Mesquita) e o senador Heitor Furtado (Ney Latorraca).

Ainda há espaço para o inusitado, como a correta interpretação de Marília Gabriela (que faz a personagem Regina Furtado) para a canção "Sábado em Copacabana", de Carlos Guinle e Dorival Caymmi; e a participação do grupo Metrô (aquele mesmo de "Beat Acelerado") com a folclórica "Achei Bonito". Destaque para o engraçadíssimo funk pancadão "The Book Is on the Table", pérola de MC Charles Jackson com os edificantes versos "The book is on the table/The dog is on the table/The cat is on the table/The chicken is on the table/And everybody is on the table".

Como não poderia deixar de ser, artistas cariocas cujas canções já representam um estereótipo do Rio de Janeiro, também comparecem na trilha de O Diabo a Quatro, como "Queimando Tudo", do sumido Planet Hemp, e "Freestyle Love", da banda Stereomaracanã. Além, é claro, do "Rap do Real", brechinha que o diretor musical da trilha arranjou para mostrar seu principal hit, feito ao lado dos colegas da banda A Parede. GGG

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