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Os irmãos Fawzi Abdallah, de 23 anos, e Yasser Hajan, de 26, descendentes de palestinos, prestigiaram o evento | Christian Rizzi/ Gazeta do Povo
Os irmãos Fawzi Abdallah, de 23 anos, e Yasser Hajan, de 26, descendentes de palestinos, prestigiaram o evento| Foto: Christian Rizzi/ Gazeta do Povo
  • Filmes são co-produção entre a Palestina e a Europa ou Estados Unidos

Foz do Iguaçu - O cinema uniu, de certa forma, israelenses e palestinos em Foz do Iguaçu. A cidade de fronteira, que reúne cidadãos de 74 etnias e onde a presença do povo árabe é maciça, recebeu nos dias 28 e 29 a mostra Palestina 1948-2008: 60 anos da Al Nakba (A Catástrofe), com a exibição de 11 filmes, entre curtas e longas-metragens, obras de ficção e documentários, além de debates. A idéia foi chamar atenção, por meio da arte, para o conflito entre Israel e Palestina, marcado por abusos de direitos humanos, crimes e terrorismo. Cerca de 500 pessoas participaram do evento, que teve entrada gratuita.

A mostra atraiu não apenas representantes da comunidade palestina de Foz do Iguaçu, mas também estudantes e professores universitários que formaram a maioria da platéia.

Os irmãos Fawzi Abdallah, de 23 anos, e Yasser Hajan, de 26 anos, descendentes de palestinos, prestigiaram o evento a caráter, usando o lenço Kaffyeh, que representa a resistência do povo árabe. "É bem importante pelo fato de estar transmitindo o que está acontecendo na Palestina. Nos noticiários o que passa não é 100% do que acontece. Os filmes mostram mais a realidade", diz Abdallah.

A mostra foi organizada pelo israelense Yuri Hazz, professor de inglês e hebraico que vive em Foz do Iguaçu. Ele tomou a iniciativa após elaborar um trabalho de conclusão de curso com o tema A Humanização da Imagem do Inimigo através da Linguagem Cinematográfica: o Caso Israel-Palestina, por meio do qual entrou em contato com uma historiografia diferente daquela que teve contato quando vivia em Israel, de onde saiu aos 14 anos.

"Isso mexeu comigo e aprofundei a pesquisa", diz. Na visão de Hazz, a maioria dos israelenses, bem como o mundo ocidental, não conhece as difíceis condições de vida que o povo palestino é submetido porque a maior parte das informações divulgadas é distorcida em favor de Israel. Hazz ficou muito satisfeito com o evento e a participação do público, que lotou a sala de cinema na sexta-feira à noite durante debate com especialistas, entre eles a professora da Universidade de São Paulo (USP) e curadora do evento, Arlene Clemesha, e o professor Emir Sader, cientista político e Secretário Executivo do Conselho Latino Americano de Ciências Sociais ( CLACSO).

Segundo Arlene, os filmes – co-produções entre palestinos com norte-americanos e europeus, pouco exibidas no circuito comercial – trazem informações não muito divulgadas. "A imagem que se tem da realidade palestina é uma novidade", diz.

Para o sociólogo Emir Sader, o evento mostrou a solidariedade da cidade em relação ao povo palestino. "A região é de um profundo sentimento de solidariedade com o povo árabe e palestino", diz. Sader também chama atenção para o conteúdo dos filmes, que retratam alguns dos dramas dos palestinos no dia-a-dia e nas escolas. "Hoje tem um muro que separa palestinos dos palestinos. E há também uma tentativa de acabar com a identidade e com a memória", diz Sader.

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