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Thalys Peterson está no Brasil para um show de blues que fará no Sesc de Chapecó (SC) e negocia apresentação em Curitiba. | Divulgação
Thalys Peterson está no Brasil para um show de blues que fará no Sesc de Chapecó (SC) e negocia apresentação em Curitiba.| Foto: Divulgação

Thalys Peterson tinha um emprego confortável aos 30 anos. Trabalhava como bancário em Curitiba. Aquela coisa: ar-condicionado, horário definido, salário bacana. Aos fins de semana, tocava blues no Hermes Bar com a banda The Hookers. Também dava as caras no John Bull.

Famosos cruzaram o caminho de Thalys

Por uns anos, o músico paranaense Thalys Peterson vivia de “freelas”. Dependendo do movimento, se mandava para as estações de Herald Square e Lexington

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Depois se tornou guitarrista do grupo Mississippi da Silva. Continuava a bater ponto no escritório até rodar a baiana. Nada como Michael Douglas em “Um Dia de Fúria.” Foi mais como Emile Hirsch em “Na Natureza Selvagem”. A diferença é que, ao invés de largar tudo e despirocar no mato, largou quase tudo e foi-se embora para Nova York, tocar violão em estações de metrô da capital do mundo.

“Sempre quis fazer isso”, diz Thalys, nascido em Jesuítas, cidadezinha de 10 mil habitantes no oeste do Paraná. O músico vendeu as guitarras que tinha para juntar uma grana. Aterrissou no aeroporto John F. Kennedy em 2008 e começou a se virar. O primeiro emprego foi como garçom numa churrascaria brasileira. A experiência foi surpreendentemente traumática. “Uma dica para quem quer morar fora é não se envolver com brasileiros. Não falo de maneira geral, mas, se vacilar, eles te passam a rasteira”, diz Thalys, que aprendeu inglês cantando Grandpa Elliot e Big Joe Turner. No mesmo período, trabalhava também na construção civil. A jornada dupla, de quase 18 horas por dia, durou três meses. E aí veio a música, de novo.

Sou muito mais feliz como músico de rua lá [em Nova York] do que como bancário aqui [no Brasil].

Thalys Peterson, músico.

O paranaense voltou às origens em Nova York. Tornou-se guitarrista da dupla sertaneja Mizó e Mizael, de efêmera carreira internacional. Até que, em 2009, arranjou um espaçozinho na estação de metrô 14 Street – Union Square, no coração de Manhattan. Thalys apostou no chorinho e na bossa tocados num violão com cordas de nylon. De Dilermando Reis (1916-1977) a Tom Jobim (1927-1994). “As pessoas estão indo ou voltando para o trabalho, então procuro não estressá-las ainda mais. O chorinho é perfeito para esse momento”, justifica.

Thalys trabalha entre duas e três horas por dia, de manhã e à noite, cinco dias por semana. “Evito a hora do rush. Tem muita gente e ninguém presta atenção na música”. O objetivo é não voltar com menos de US$ 100 por dia dentro do chapéu. O dinheiro arrecadado no mês vai quase todo para pagar sua parte do aluguel – ele divide um apartamento no Brooklyn com uma garçonete japonesa aspirante a fotógrafa.

O paranaense está no Brasil para um show de blues que fará no Sesc de Chapecó (SC), no dia 28. Em Curitiba, há tratativas para uma apresentação antes que o aventureiro de Jesuítas retorne ao grande palco underground de Nova York, em outubro.

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