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Dido, cujas músicas costumam ser bastante executadas pelas rádios de pop contemporâneo mundo afora, retorna à cena menos leve | Divulgação
Dido, cujas músicas costumam ser bastante executadas pelas rádios de pop contemporâneo mundo afora, retorna à cena menos leve| Foto: Divulgação

A bela capa do novo CD da britânica Dido, Safe Trip Home, não traz uma foto da cantora. O que se vê é um astronauta flutuando no espaço, sobre uma Terra ao mesmo tempo próxima e longínqua. À distância, o planeta parece plácido, sereno. Esse clima de solidão, suscitado pela imagem, permeia todo o álbum, que não deve repetir o sucesso de vendas dos trabalhos anteriores da artista, No Angel (1999) e Life for Rent (2003), mas os supera em vários sentidos.

Dido, cujas músicas costumam ser bastante executadas pelas rádios de pop adulto contemporâneo mundo afora, retorna à cena menos leve. Safe Trip Home, gravado depois da morte do pai da cantora, em 2006, revela seu lado mais sombrio, embora a introspecção não seja uma novidade em sua música. É apenas potencializada. O co-produtor Jon Brion traz ao disco uma contribuição valiosa: empresta às canções um certo caráter cinematográfico, viajante, muito bom-vindo.

Os temas presentes nas faixas são todos de alguma forma emocionais. Em "Never Want to Say It’s Love", que conta com um belo arranjo de cordas, Dido fala sobre a ingestão de comprimidos que podem aplacar-lhe a tristeza. Já a bela "Grafton Street", co-escrita com o lendário Brian Eno (que já produziu trabalhos importantes da discografia de David Bowie e do U2), é uma melancólica declaração de amor. Sofrida, confessional. Faz lembrar "Mercy Street", de Peter Gabriel.

Canções como essas mostram que a suavidade da bonita voz de Dido também esconde dor e angústia. Vale lembrar aqui que o primeiro single do CD, que foge um pouco à levada eletrônica trip hop da cantora, é entitulada "I Don’t Believe in Love" (Não Acredito no Amor, em português). Em Safe Trip Home, a cantora adequa seus dotes vocais a canções menos ternas, que falam de alienação, da perda do amor e da própria morte do pai. E tudo soa muito verdadeiro, genuíno. Algo raro no mundo pop. GGGG

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