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A década do 11/09

Veja a cobertura completa dos dez anos dos atentados de 11 de Setembro.

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Após o 11 de Setembro, ocorreram muitas mudanças no mundo, incluindo algumas relacionadas a liberdades individuais e problemas de segurança. Na sua opinião, qual dessas mudanças é a mais significativa e como ela nos afetou?Talvez por eu ser um especialista em imigração, eu acho que uma das mudanças mais importantes se referem àquilo que chamo de migração e segurança. Nos EUA, a relação estabelecida entre políticas de imigração e a agenda política de segurança aconteceu como resultado do 11 de Setembro. Por muito tempo, a migração não esteve no radar da segurança. Meu ex-professor na l'Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales, por exemplo, Raymond Aron, dizia que apenas os Estados eram relevantes para questões de paz e guerra. Esse enfoque significava que agentes não estatais como a Al Qaeda estavam fora ou por baixo do radar de segurança. Isso ajuda a explicar a enormidade do fracasso da inteligência, embora, para sermos justos, um bom número de analistas, sobretudo na CIA, compreendiam, sim, a natureza da ameaça representada pela Al-Qaeda, mas o começo da administração de George W. Bush não parecia levá-la a sério. E como os imigrantes estão sendo afetados por essas mudanças?Houve uma reação exagerada aos riscos de segurança representados por imigrantes. Isso tem resultado em muitos abusos. Os cidadãos de outros países se tornaram bodes expiatórios. O fervor do movimento anti-imigração é perigoso e arrisca também o governo americano. O elevado número de deportados é alarmante. Quase 800 mil nos últimos dois anos. Isso já foi posto em ação antes do 11 de Setembro por uma lei de 1996 que amplia enormemente a definição do que constitui um crime "deportável". Pouquíssimos deportados constituíam um risco significativo à segurança nacional ou militar. A maioria é formada por latino-americanos que transgrediram leis que agora exigem deportação expedida, frequentemente a um alto custo para a vida familiar. Apenas recentemente o presidente Obama determinou algumas mudanças administrativas capazes de reduzir as deportações.

Você poderia apontar para alguns erros e acertos na política internacional dos Estados Unidos desde o 11 de Setembro?Eu não vejo muitos motivos para celebrar a política internacional americana desde o 11 de Setembro. Nós temos universidades e estudiosos maravilhosos mas, no fim, eles têm pouca importância. Não me surpreende o tamanho do sentimento antiamericano.

Quais as mudanças mais relevantes feitas por Obama com relação à imigração?O aspecto-chave das várias reformas determinadas por ele referem-se a restauração de uma maior discrição dos fiscais de Imigração e Alfândegas, a fim de que levem em consideração questões humanitárias e societárias ao processarem a deportação dos assim chamados estrangeiros ilegais. Isso resultaria numa queda significativa nas deportações em geral. Eu acho que os principais beneficiados, entre os estrangeiros, serão as crianças e os jovens adultos que viveram a maioria de suas vidas nos EUA, mas de modo ilegal. O "Dream Act", que teria autorizado um procedimento de legalização de alguns milhões de estrangeiros nessa situação, não passou no Congresso. Sob a vista do impasse do Congresso, o melhor que Obama pode fazer é determinar essas medidas administrativas que são importantes para sua campanha de reeleição.

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