Projeto Rumos anuncia selecionados

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O programa Rumos Itaú Cultural divulgou ontem, em São Paulo, os selecionados de sua 16.ª edição. De mais de 15 mil inscritos no ano passado, 104 trabalhos receberão apoio da instituição, que irá destinar cerca de R$ 11 milhões ao programa.

O edital aberto no ano passado foi o primeiro a apostar no caráter multidisciplinar dos projetos, eliminando editais específicos para cada área de expressão artística ou intelectual. Cinco trabalhos de proponentes do Paraná foram escolhidos – mesmo número do Rio Grande do Sul e um a menos que Santa Catarina. A região Sul foi responsável por 12,47% das inscrições, com 1.859 projetos, enquanto o Sudeste responde por 59,39% dos inscritos, com 8.854 projetos.

Embora traga à tona uma série de questões a respeito da concentração de recursos para a cultura no país, a regionalidade não foi um aspecto que interferiu na seleção dos trabalhos, de acordo com a gerente do Núcleo de Comunicação do Itaú Cultural, Ana de Fátima Sousa.

"Não tem panelinha. Todo mundo [da Comissão Multidisciplinar de Seleção, composta por 19 membros] leu tudo para garantir a legitimidade dos projetos. O que estava em foco não era área de expressão nem região. Era a qualidade, originalidade, inovação", explicou a gerente, em entrevista coletiva na sede instituto, em São Paulo. Ainda de acordo com Ana, todos os estados do país serão alcançados pela destinação final dos projetos.

Formato

Proposto para evitar o enquadramento dos projetos nos formatos dos editais públicos, o modelo multidisciplinar e aberto desta edição do programa selecionou desde projetos tradicionais, como a gravação de CDs – caso de Janaina Fellini, cuja gravação do álbum Casa Aberta está entre os selecionados do Paraná – até trabalhos de pesquisa como o projeto Burla: Divergências, Contrastes e Outros Carnavais, trabalho de articulação, produção e estímulo da cena burlesca no Brasil, da paranaense Giorgia Conceição. Também do Paraná, o projeto Sim, Somos Bizarr@s!, de Ricardo Marinelli, usa ações artísticas como performances e artes visuais para discutir questões de gênero. "É um projeto bem ousado, que sai totalmente [do formato tradicional dos editais] e, ao mesmo tempo, conversa com tudo", explica Ana de Fátima.

"Não há dúvidas de que o modelo proposto vicia a demanda cultural do país", explica Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural. "Vamos continuar provocando a sociedade, outros players, parceiros, organizações, para repensar seus projetos de seleção pública", diz.

A experiência, somada ao desenvolvimento dos 104 projetos e do estudo sobre o número sem precedente de inscritos deve dizer como vai caminhar o próximo edital, previsto para 2015.

O repórter viajou a convite do Itaú Cultural.