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Entidades e governo discutem as estratégias no campo da cultura: em busca do tempo perdido | Vanor Correia/Divulgação
Entidades e governo discutem as estratégias no campo da cultura: em busca do tempo perdido| Foto: Vanor Correia/Divulgação

"A principal herança foi psicológica e de autoestima. Tínhamos muita insegurança, mas vimos que fomos capazes de fazer um evento desse porte."

Sara Hallat, da ONG Fordsburg Art Studios, que fez as cerimônias de abertura e fechamento da Copa de 2010 na África do Sul

"Grandes eventos podem representar grandes oportunidades ou passar em branco, depende de como a cultura se apropria deles. Temos que pensar como queremos nos mostrar para o resto do mundo."

Adriana Rattes, secretária de Cultura do Estado do Rio de Janeiro

"Os museus precisam entrar na era digital. Podemos levá-los àqueles que nunca iriam sem isso. Um museu com artes visuais, música e cinema no século 21 é o que foram as bibliotecas no começo do século passado."

Alexandre Colliex, diretor do Centre Pompidou, em Paris

"Da mesma maneira que comemoramos [os grandes eventos], precisamos de cuidado, pois eles podem trazer grandes riscos. Não podemos perder a chance de consolidar os equipamentos e unidades culturais."

Marcelo Araújo, secretário de Cultura de São Paulo

"Como oferecer cultura sem tirar o foco do esporte foi o nosso grande desafio. Sabíamos que a mídia de todo o mundo estava de olho e tínhamos que dar a melhor experiência a quem nos visitou".

Justine Simons, vice-prefeita de Londres

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Faltando exatamente um ano para a Copa do Mundo do Brasil há uma certeza e muitas dúvidas sobre o "legado" que o megaevento deixará para o país-sede.

Enquanto o povo protesta nas ruas e a seleção brilha em campo, a única certeza é que o legado da infraestrutura naufragou. Em grande escala, as obras de mobilidade e reforma de aeroportos não sairão do papel ou serão insuficientes. O que levou o governo e a organização do evento a soluções paliativas. As dúvidas surgem em outro campo: ainda há um legado possível da Copa na área da cultura?

No último fim de semana, representantes de mais de 80 instituições culturais do país se reuniram no encontro Cultura na Rede para debater esta questão e mostrar alguns projetos que já estão em desenvolvimento. Do Paraná, a entidade representante foi o Museu Oscar Niemeyer.

Realizado pelo Itaú Cultu­­ral, o simpósio sediado no Mu­­seu de Arte do Rio (MAR) também contou com a presença de representantes de governos e entidades das cidades de Barcelona e Londres e de países como França e África do Sul, que realizaram megaeventos nos últimos anos e décadas.

Duas questões serviram de fio condutor aos debates entre as entidades privadas e públicas: qual a cara do país que queremos mostrar para o resto do mundo e qual o papel das instituições de cultura na Copa?

No campo das decisões oficiais, o que se viu, porém, é um perigoso desentrosamento entre os entes republicanos, ao menos no caso fluminense.

O ministério da Cultura (MinC), na ausência da ministra Marta Suplicy, foi representado pelo produtor cultural Marcelo Velloso, chefe da Representação do MinC no Rio.

Segundo ele, a atuação do ministério está baseada em três pilares: "legado, apoio a atividades culturais e comunicação" e o maior desafio é "traduzir uma identidade cultural brasileira, diante de manifestações e culturas tão diversas em cada região".

Por legado, o MinC entende infraestrutura de manutenção de espaços culturais que "dialoguem entre si". Outro ponto é o legado museal, área em que o MinC afirma querer criar "cursos de qualificação para garantir a formação de profissionais da cultura".

O secretário municipal de Cultura do Rio de Janeiro, Sérgio Sá Leitão, porém, foi enfático e pessimista ao dizer que não há mais tempo para o discurso de "vamos fazer". "Poderíamos ter tido um impacto mais profundo, mas agora é tarde. E a culpa é nossa, da sociedade brasileira que aceitou isso".

Sá Leitão afirma os investimentos em promoção dos ativos culturais já existentes e das ações programadas, "são, no fundo, uma questão de marketing". "Perdemos a oportunidade de fortalecer os museus e centros culturais em caráter permanente".

Ao fim do evento, a sensação geral foi a de que é preciso correr atrás do prejuízo, pois, a partir das experiências estrangeiras neste período, foi possível perceber que o Brasil já deveria estar experimentando iniciativas que quisesse estabelecer em 2014. Algumas sugestões foram dadas pelas entidades internacionais. "Grandes eventos podem representar grandes oportunidades ou passar em branco, depende de como a cultura se apropria deles", disse Adriana Rattes, secretária estadual de Cultura do Rio.

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