A produção de Corpos Celestes, de Fernando Severo e Marcos Jorge, projeto vencedor do primeiro edital de cinema do governo do Paraná, apresentou na terça-feira passada, na Secretaria de Cultura do Estado do Paraná, o elenco que, a partir de 3 de outubro, inicia as filmagens do longa-metragem em quatro cidades paranaenses.

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São 36 atores, sendo quatro "forasteiros" – o carioca Dalton Vigh, a pernambucana Carolina Holanda e os norte-americanos S. Antar Rohit e Jeff Beech – e 32 paranaenses, com destaque para o ator-mirim Rodrigo Conelsen, que viverá o protagonista da história quando criança, além de Zeca Cenovicz, Olga Nenevê, Alexandre Nero, Pagu Leal, Hélio Barbosa, Edson Bueno, Silvia Monteiro, Anderson Faganello, entre muitos outros.

Segundo o diretor Marcos Jorge, o período de pré-produção está na reta final, com a realização da terceira semana de ensaios com os atores, processo que vai até o início de outubro. "Está tudo encaminhado para as filmagens, fizemos uma pesquisa rigorosa de locação, objetos e vários aspectos do filme. Vão ser seis semanas contínuas de trabalho – duas em Castro, uma entre Piraquara e Araucária, e três em Curitiba", confirma Severo.

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Os dois cineastas – os mais premiados da cinematografia paranaense recente – afirmam estar trabalhando bem em parceria. "Um interfere no trabalho do outro o tempo todo. No set, vai ser assim também", diz Fernando. "Com algumas exceções, a maioria das nossas opiniões está batendo, temos uma visão muito parecida do filme", continua Marcos. "Somos cinéfilos, antes de tudo. Temos muita referência e experiência. Estamos chegando ao primeiro longa com um bom know-how, com trabalhos premiados e os egos bem resolvidos", completa o primeiro.

Corpos Celestesse divide em duas partes. A primeira se passa em 1969, no interior do Paraná, e fala do encontro do garoto Francisco (Cornelsen) e o americano Richard (Rohit), piloto ex-combatente da Guerra do Vietnã que vive de pulverizar plantações com seu avião e é fascinado pela astronomia. A influência do amigo é grande e o menino se torna um astronômo quando adulto na segunda metade do longa, que acontece no presente, em Curitiba. Francisco (Vigh) estará vivendo um momento de reflexão na vida e se apaixonará pela misteriosa Diana (Holanda). Um pequeno triângulo amoroso é formado com a chegada de Greg (Beech), filho de Richard, que vem ao Brasil descobrir o pai que nunca conheceu. "Estamos muito felizes com o elenco, pois encontramos pessoas muito adequadas aos personagens, e abertas a discutir o trabalho durante os ensaios", observa Jorge.

Dalton Vigh vive seu primeiro papel de protagonista no cinema – ele é conhecido por seu trabalho na tevê, como na novela O Clone, em que vivia o personagem Said – e diz ter ficado muito animado ao ler o roteiro da película. "Identifiquei-me muito com o Francisco. O que achei legal nele é que, de uma certa forma, é um sonhador. A sua vida interior é muito interessante, é um cara quieto, fechado, mas muita coisa acontece dentro do peito e da cabeça dele. Para o trabalho de ator, essa característica é fascinante", confirma.

O ator elogiou o longo período de ensaios que estão feitos na pré-produção, processo que ainda não havia experimentado em cinema, e ressaltou a importância de se realizar longas fora dos grandes centros Rio de Janeiro e São Paulo: "Estamos reaprendendo a fazer cinema no Brasil, encontrando uma linguagem própria, e é importante que haja produção em todas as regiões do país, mostrando as várias e diferentes visões que temos."

Os outros atores principais de Corpos Celestes não são muito conhecidos do público, mas já têm boa experiência na carreira artística no cinema, teatro e televisão. Carolina Holanda poderá ser vista em breve na tevê paga como a protagonista da série Mandrake, primeira produção brasileira da HBO, baseada na obra de Rubem Fonseca. S. Antar Rohit tem uma história interessante: americano, chegou em Belém ainda pequeno e desenvolveu seu trabalho em grupo de teatro próprio, que fez apresentações na Amazônia e no Nordeste. Jeff Beech atua em comerciais, novelas e peças off-Brodway nos EUA, já tendo participado do longa paranaense Onde os Poetas Morrem Primeiro, dos irmãos Schumann.

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A produção informa que pretende finalizar Corpos Celestes até o fim do primeiro semestre de 2006. O primeiro copião do filme deverá estar pronto em janeiro.