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A banda paulistana Continental Combo nasceu em 2003, quando o histórico grupo Momento 68 deu seus últimos suspiros. A formação tem o veterano Sandro Garcia (guitarras e voz), Carlos Rodrigues (baixo) – ambos do Momento – e Rogério Menin (bateria), e é a continuidade do trabalho da banda extinta, principalmente da trajetória Garcia. Ele é um músico que já inscreveu, irremediavelmente, sua marca na produção contemporânea brasileira, desde os tempos do The Charts, banda dita mod, mas com uma sofisticação que, já no começo dos anos 90, ia muito além dos roquinhos carregados dos clichês característicos do gênero.

O disco homônimo da Continental Combo, lançado agora pela Monstro Discos, é um registro dessa evolução estética e musical na carreira de Garcia. Continental Combo, o álbum, capta muito bem o amadurecimento da sonoridade calcada basicamente em psicodelia e folk rock, e é o ponto alto dessa caminhada. Garcia é desses artistas que conseguem criar uma sonoridade tão própria que provoca uma identificação já nos primeiros segundos de audição.

A psicodelia é combinada com outras vertentes roqueiras para, no final, produzir músicas com apuro, sofisticação, delicadeza e texturas sonoras, completadas por boas letras que fogem de obviedades e, realmente, conseguem conferir uma gostosa densidade sem qualquer ponta de hermetismo. Tem a urbanidade de quem vive o ritmo enlouquecido de uma das mais populosas cidades do mundo, mas também oferece uma leveza sonora capaz de elevar a existência para outras esferas de vida.

Pode até dar a falsa impressão de algo nonsense, mas algumas letras entregam a densidade temática envolta em climas psicodélicos ("No cinza da cidade, você se consumiu/ E a solidão vai lhe abraçar sob o vento frio", versos de "Tempos de Glaciação"). E há, ainda, o timbre e o ritmo do canto de Garcia, que confere inequívoca personalidade ao resultado final.

Discreto, Garcia – e seus companheiros, que se mostram perfeitos para a proposta – segue produzindo muito e tocando com gente do calibre de Violeta do Outono e o ex-Fellini, Cadão Volpato, com quem se apresenta em Curitiba no próximo sábado. Traça uma trajetória que, se não é notada pelo grande público, é de um qualidade que o faz figurar na ponta da produção independente atual. Tanto pela certeza e amadurecimento do quer fazer quanto como executa esse projeto. GGG1/2.

Serviço: continentalcombo.sites.uol.com.br – www.monstrodiscos.com.br.

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