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Capital Inicial em turnê | Divulgação/Wander Roberto
Capital Inicial em turnê| Foto: Divulgação/Wander Roberto

Para uma banda que sempre foi associada ao rock brasileiro dos anos 80, o Capital Inicial conseguiu sua sobrevivência de maneira um pouco surpreendente. Enquanto colegas de geração ainda contam com a nostalgia por aquela década para se manter, Dinho Ouro Preto e seus companheiros de banda, todos na faixa dos 40 ou quase lá, garante seu sucesso com fãs entre 13 e 16 anos de idade.

Dessa forma, nada de medos sobre a manutenção do emprego, preocupações com planos de previdência privada ou outras angústias mais comuns entre quarentões nas letras. Desde que voltou a se reunir em 1998, o Capital Inicial dedica uma parte significativa de seu repertório a uma aproximação com os adolescentes, tendo personagens abaixo dos 20 anos como protagonistas das músicas.

Assim como o hit "Natasha" - que começa com a frase "17 anos e fugiu de casa" -, a faixa "18", do novo disco de inéditas "Eu nunca disse adeus", fala sobre as agruras do processo de amadurecimento: neste caso, um recém-chegado à maioridade confuso com a vida (o sobrinho de Ouro Preto serviu de inspiração para a faixa).

Na opinião do cantor de 43 anos, essas letras também são um sinal de que o espírito jovem é preservado dentro da banda. "Acho que, de certo modo, talvez a gente tenha ficado preso à nossa adolescência. A gente continua fazendo o tipo de música que a gente fazia desde os 19 anos", diz. "No entanto, você não pode resumir os temas que o Capital aborda apenas à adolescência. É o modo como a gente escreve que acaba apelando à garotada, mas eu não acredito que todos os temas são exatamente adolescentes. Eu acredito que eles acabam dizendo respeito a todos."

"Tomadas de decisão"

Dinho defende o 13º disco da carreira de sua banda como um trabalho sobre "tomadas de decisão". "É algo 'como proceder daqui para frente?'. Nós olhamos para bandas que a gente realmente gosta, atitudes e comportamentos, e eu vejo muito mais dignidade em se manter fiel quando você encontra o seu estilo, quando você encontra a sua singularidade", diz, explicando a seguir a aparente contradição em manter o espírito jovem e ao mesmo tempo desistir da busca por acompanhar o que é novidade.

"Penso que nós somos os primeiros de uma geração a ter uma longevidade. O povo da Jovem Guarda mudou, alguns deles pararam no tempo, outros começaram a fazer música popular, deram uma 'embregada'. Eu acho que cabe a nós dar o exemplo. Esse disco representa qual é a decisão, de como proceder, e eu acho que o modo é nós nos mantermos fiéis."

O novo álbum também representa a consolidação da relação criativa do vocalista com o compositor Alvin L., parceria que domina as 13 faixas de "Eu nunca disse adeus". Dinho reconhece que o grupo padeceu de irregularidade em fases anteriores e até omissão nos processos de gravação. "Na reunião em 1998, nós estavámos determinados a não repetir esses erros", declara. "Entre outras coisas, a solidificação da parceria [com Alvin L.] acabou imprimindo uma identidade ao Capital".

O grupo começa no próximo dia 10 de abril sua turnê nacional, e a vida de Dinho Ouro Preto volta à alternância entre a parte "rock 'n roll" (um ou outro excesso) e a parte "pai de família" (ele tem três filhos). "Passo um terço do ano na estrada. Você acaba tendo uma vida dupla. Você precisa aprender a não misturar as duas coisas, porque na estrada você é quase um personagem", declara.

"A bagunça [nas turnês] continua rolando. Mas isso dura apenas uma parte do ano, são 120 shows. E o resto do tempo a gente faz um 'detox' [desintoxicação]. Quando a gente volta para a casa é o 'rehab' [clínica de reabilitação]".

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