A DJ lançou um CD com remixes de músicas de Raul em março| Foto: Ana Alexandrino/Divulgação

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Veja a programação deste e outros shows no Guia Gazeta do Povo.

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Depois de oito anos como DJ de house music, Vivi Seixas, a filha mais nova de Raul Seixas (1945-1989), resolveu atender à risca os gritos de "toca Raul!" que sempre ouviu em suas apresentações. Ela lançou em março o CD Geração da Luz, que reúne canções do cantor remixadas por Vivi. Ela toca amanhã, no Yankee Bar (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo). O set inclui os maiores petardos de Raul em suas gravações originais e releituras do disco, que misturam eletrônico, dub, reggae, drum and bass e hip-hop, entre outros gêneros. Leia trechos da entrevista que a DJ concedeu à Gazeta do Povo por telefone, do Rio de Janeiro.

Raul funciona nas pistas?

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Funciona. Acho que todo mundo que vai para assistir a esse show gosta de Raul. Não tem nenhum desavisado. Sempre vejo todos cantando as músicas comigo. E fico impressionada com as várias faixas etárias que vão. Acho um barato como o meu pai teve capacidade de tocar todas as classes sociais e gerações.

Foi um desafio mexer nas músicas do Raul para o CD Geração da Luz?

No princípio, fiquei um pouco grilada, porque tem alguns fãs do meu pai que não são fáceis. Gostam de Raul puro, não gostam que se mexa em Raul. Então quis fazer um CD que mantivesse a identidade musical do meu pai. E que mantivesse as músicas dele intactas, porque acho que são muito importantes, visionárias, atuais.

Como escolheu as músicas?

Fiz questão de colocar "lados B": "Super-heróis", "Conversa pra Boi Dormir", "Só pra Variar". E botei clássicos como "Metamorfose Ambulante" – em uma versão em espanhol, que é uma raridade – e "Como Vovó Já Dizia", em uma letra inédita, que foi censurada pela ditadura em 1974.

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Raul te inspirou mu­­sical­­mente?

Ele foi influenciado por rockabilly, Elvis, Joe Cocker, uma galera bem diferente da minha. Eu já curtia Daft Punk e Kraftwerk. Mas costumo dizer que me influenciou no meu bom gosto musical. Apesar de ter perdido meu pai com oito anos de idade, eu cresci ouvindo muita música boa. Queria eu ter herdado a genialidade dele. Mas acho que o bom gosto musical eu herdei (risos).

Foi complicado decidir trabalhar com a música do seu pai?

Sempre houve pressão, é complicado. Comigo foi sempre meio que pisando em ovos. No começo da minha carreira, quando eu tocava musica eletrônica, reclamavam, achavam que eu tinha que tocar guitarra, cantar, seguir a carreira do meu pai. Aí, quando fazia remixes e tocava as músicas do meu pai, reclamavam porque eu tocava as músicas do meu pai. Cresci nesse dilema. Mas o Brasil inteiro canta e toca Raul. Por que não a filha dele também prestar uma homenagem?

Acha que as releituras têm a ver com a música do Raul?

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Meu pai era uma pessoa muito eclética. "Metrô Linha 743" é um rap. "Canto para Minha Morte" é um tango. Ele fez forró – foi o primeiro a misturar rock com baião. Tenho certeza de que se ele estivesse vivo estaria me dando o maior apoio. Além disso, é uma oportunidade para trazer letras bacanas para a música eletrônica, que, às vezes, é muito pobre em letra. E também de quebrar esse paradigma de que Raul é antigo para a nova geração, que acha que Raul é coisa de avó, de pai.