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Michel Bouquet vive o pintor Pierre-Auguste Renoir em filme que não busca desvendar o artista | Divulgação
Michel Bouquet vive o pintor Pierre-Auguste Renoir em filme que não busca desvendar o artista| Foto: Divulgação

Filme

Renoir

Renoir. França, 2012). Direção de Gilles Bourdos. Com Michel Bouquet, Christa Theret e Vincent Rottiers. Europa Filmes. 111 minutos. Classificação indicativa: 14 anos. Apenas para locação. Drama.

Cinebiografias, em geral, são um tiro no pé. Salvo raras exceções. Capturar a imensidão da vida de alguém, seja de um vulto de relevância histórica ou de um anônimo, é missão quase impossível, resultando quase sempre redutora. E, por fim, superficial. Mais interessantes são os recortes, que levam à tela um momento na existência do personagem retratado, permitindo um olhar mais profundo e menos preso a fatos e datas. Esse é o caso do delicado Renoir, filme que representa a França na briga por uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro e agora chega às locadoras.

O diretor Gilles Bourdos, também roteirista do filme, não pretende, de forma alguma, revelar quem teria sido o pintor Pierre-Auguste Renoir (1841-1919), um dos mestres do impressionismo. Prefere, de certa forma, mantê-lo envolto por uma aura de mistério, que jamais se dissipa no decorrer da trama, passada nos últimos anos de vida do artista.

O fragmento biográfico sobre o qual Bourdos se debruça é a relação complexa que se estabelece entre Renoir (Michel Bouquet), já com 74 anos, e sua derradeira musa, a aspirante a atriz e cantora Andrée (Christa Theret), que invade sua vida do nada com a força de uma lufada de vento forte. Consumido pela artrite, que o impede de se locomover e, em certa medida, até mesmo de trabalhar, ele encontra na jovem, inquieta e cheia de energia, uma inesperada fonte de inspiração àquela altura de sua vida, quando residia em uma propriedade no interior da França.

Rotina

Mas Andrée não vai mexer apenas com o pintor. Ela vai abalar a rotina de toda a casa do artista, que ele divide com um time de empregadas, muitas delas ex-musas e modelos para seus quadros, e com os filhos Coco (Thomas Doret), o mais novo, e Jean (Vincent Rottiers), que volta para casa ferido da Primeira Guerra Mundial. Assim como o pai, ele também se vê envolvido, e inspirado, pela moça, cuja espontaneidade (e nudez) o provoca e o apaixona.

Renoir é fotografado pelo chinês Mark Lee Ping-Bin, que busca reproduzir no filme as cores e texturas presentes na obra do impressionista. É um filme de climas, mais do que uma narrativa que se sustenta nas ações que a integram. Vale mais ao diretor investigar o impacto de Andrée no cotidiano dos demais personagens do que os fatos retratados em si. É nesse aspecto que se diferencia de cinebiografias mais convencionais, muito presas a acontecimentos históricos comprováveis.

Sabe-se que Jean, que se tornaria um dos grandes autores do cinema francês, diretor de clássicos como A Grande Ilusão e A Regra do Jogo, acabou se casando com a modelo de seu pai, mas disso o filme não se ocupa. Ainda bem. GGG

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