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Estilhaços é a peça em que o dramaturgo Eduardo Wotzik mais se expõe | Guga Melgar / Divulgação
Estilhaços é a peça em que o dramaturgo Eduardo Wotzik mais se expõe| Foto: Guga Melgar / Divulgação

GUIA GAZETA DO POVO

O Guia Gazeta do Povo selecionou programas imperdíveis para você fazer na cidade logo após ver uma peça durante o Festival de Curitiba. Que tal esticar a noite com um jantar romântico, uma balada ou um barzinho para tomar aquela cerveja gelada com os amigos?! Assista ao vídeo e veja as dicas

Estilhaços (confira o serviço completo do espetáculo), peça que terá três apresentações no Festival de Curitiba, nesta segunda (4), terça (5) e quarta-feira (6), é resultado das inquietações de Eduardo Wotzik, de 51 anos. A montagem reúne breves textos que o dramaturgo produziu ao longo de sua vida, e que ele começou a preparar para o palco em 2009. A comédia, explica Wotzik, tem um texto bem-humorado e provocativo, "que instiga o pensamento e promove discussões éticas, morais e políticas através de divertidas crônicas contemporâneas apresentadas no formato de uma reunião cênica".

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O espectador verá, no palco do Barracão do Cietep, situações que também acontecem no cotidiano e que, na opinião de Wotzik, tendem a jogar luzes sobre o "ridículo humano". O diretor e autor diz trabalhar para proporcionar evolução a quem assiste as suas montagens. "Eu nunca me liguei em tendências. Minha tendência é seguir meu desejo de dizer alguma coisa que, considero, possa servir ao outro", diz.

Wotzik, que acumula 30 montagens em seu currículo, é crítico em relação aos colegas dramaturgos. "Tem muita gente escrevendo para teatro. E escrever para teatro, ou mesmo escrever uma peça ou duas, não faz do sujeito um autor. É como o rapaz que faz aula uma vez por semana num curso e perguntamos a ele o que faz e ele responde: ‘sou ator’", critica.

Ele diz que há um vazio no teatro brasileiro contemporâneo. "Se você não tem o que dizer, clássico ou contemporâneo, o melhor é ficar em casa. A maior parte dos espetáculos de teatro hoje em dia não tem nada a acrescentar, não surpreende, carece de consistência, é feita porque é feita, não comunica nada no sentido de não comunicar nada e também no sentido de comunicar o nada que tem para comunicar. Isso é a tendência. Eu não partilho dessa graça. Acho que quando a arte não serve, não serve", afirma.

Conteúdo

Wotzik conta que Estilhaços, o seu terceiro texto autoral, é o trabalho artístico no qual ele mais se expõe. "A base do cenário do espetáculo é um objeto que habita a sala da minha casa. E o espetáculo cheira a maresia de Ipanema", conta.

Em cena, duas atrizes, Analu Prestes e Clarice Derziê, e dois atores, Marcos França e Ricardo Kosovski, representam quatro brasileiros que se deparam com perplexidades no século 21. Por falar em elenco, ele diz que a trupe não é, em hipótese alguma, uma companhia.

"Acho que minha fase de companhia já passou. Também não é um grupo, porque acho que minha fase de grupo também já passou, foram dez anos de Grupo Tapa. O que é, então? Acho que nos reunimos em torno de um conteúdo para obrar. Chamo esse lugar de Centro de Investigação teatral, mas ele não tem sede e se estabelece onde eu estiver, com quem eu estiver, por exemplo, atores, cenógrafos, figurinistas, debruçado sobre a melhor forma de trazer aquele conteúdo ao espectador moderno e os mover", afirma Wotzik.

Recepção

Estilhaços estreou no dia 8 de janeiro no Museu do Universo, do Planetário da Gávea, no Rio de Janeiro, e já recebeu críticas. No jornal O Globo, a montagem foi considerada "atraente para quem se interessa em discutir a linguagem teatral e o futuro do palco sem grandes perguntas a respeito da origem de tudo".

No entanto, houve uma alfinetada: "Há sem dúvida alguma pieguice e um risco de insinuar formas corriqueiras de autoajuda, mas o ato de buscar a percepção do teatro e do homem de nosso tempo vale a noite – recicla o verbo, o palco, a classe teatral e o público."

Serviço: Estilhaços (confira o serviço no Guia Gazeta do Povo). Barracão do Cietep (Av. Comendador Franco, 1.341 – Jardim Botânico). Dias 4, 5 e 6 de abril às 21 horas.

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