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São Paulo (Folhapress) – Em dias nos quais "Que País É Este?" parece um bordão dos mais apropriados, o autor da canção e sua obra começam a ser foco de ao menos três versões cinematográficas. Renato Russo (1960 – 1996), ex-líder da Legião Urbana, de trovador solitário a astro pop que levava multidões para shows, é tema da biografia Religião Urbana, do veterano cineasta Antonio Carlos da Fontoura (de A Rainha Diaba), 66 anos, a partir de roteiro já finalizado e assinado por ele e pelo produtor musical Luiz Fernando Borges, um dos melhores amigos de Russo em sua fase carioca.

Já o estreante em longas-metragens René Sampaio, 31, enveredou pela obra de Russo e foi escolhido pela Copacabana Filmes – produtora de Carla Camurati – para levar às telas a versão cinematográfica de Faroeste Caboclo. E a roteirista e atriz Denise Bandeira, outra amiga íntima da fase carioca do cantor e compositor, está em negociações avançadas com a família de Russo para a adaptação de "Eduardo e Mônica", uma das mais populares canções da Legião.

O projeto mais adiantado é o de Fontoura. O filme está em negociação com distribuidoras. O cineasta pretende filmar de abril a junho do ano que vem. A intenção é que Religião... chegue aos cinemas em outubro de 2006, mês que marca os dez anos da morte de Russo.

Mas esqueça os estádios repletos, os discursos contra a ação policial e as confissões para os fãs. Religião Urbana vai focar o jovem professor de inglês Renato Manfredini, dos seus 17 aos 23 anos, que descobre o punk e monta a banda Aborto Elétrico. "É a história da formação de um artista, explorando a juventude punk, rebelde e também bem-humorada", afirma Fontoura, que fecha a história em 1983, quando Russo se apresenta pela primeira vez no Rio, no Circo Voador, ainda distante do sucesso.

A cessão dos direitos autorais para filmar a biografia foi obtida pelo bom trânsito de Borges, co-autor do roteiro, com a família de Russo. "Comecei a dirigir clipes e quis me aprofundar em cinema. Conversando com outros amigos e com a família, percebi como a trajetória do meu amigo poderia se tornar um ótimo filme", conta.

A irmã de Russo, Carmem Teresa Manfredini, 42, afirmou que autorizou a realização de Fontoura e Borges porque "pode confiar neles". "Tivemos (ela e sua mãe) acesso a todo o projeto, e ele nos satisfez. Anteriormente, houve vetos e fomos à Justiça porque a família não havia sido nem sequer consultada sobre peças baseadas na obra de Renato." Ela não revelou valores da transação.

Fontoura, no entanto, diz que não vai assinar um filme chapa-branca. Por isso, não vai se esquivar de temas como o homossexualismo e o uso de drogas. "O Renato é um personagem cheio de contradições. Nenhum tema está embargado, vamos tocar em todos os assuntos que fazem dele um grande personagem."

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