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Assistir a uma ópera no cinema e em versão 3D traz uma sensação, mesmo que não o tempo todo, de ser um personagem observador. Integrante do palco. A famosa ópera Carmen é apresentada em quatro atos intensos, com apenas um intervalo de 20 minutos. A sessão derradeira será no Cinemark Mueller, no domingo, às 17 horas.

Para quem se permite ser conquistado pelo espetáculo, não é cansativo. O espectador é envolvido, a todo momento, pela expressividade dos artistas e pelo francês cantado em melodias que já foram eternizadas.

Supor que os cinemas se tornarão uma casa de espetáculos pode ser exagero, mas passa perto disso. A penúltima sessão da ópera, na última terça-feira, era sobriedade e elegância. Com exceção daqueles que se dirigiram para lá diretamente do trabalho, o que se via eram senhoras e senhores muito bem trajados. Uma, em especial, chamava a atenção: 1,50 metro, olhos claros, lábios desenhados, chapéu de veludo preto e casacão até o pé. Era como se estivesse no Royal Opera House, de Londres, onde a peça foi gravada.

O clima só é quebrado pelo vendedor de pipoca e guloseimas que surge durante o intervalo. Mas, apesar de toda a fantasia que envolve o espetáculo, não se pode esquecer que ainda é um cinema e, sendo assim, algumas manias persistem - para a alegria de uns e tristeza de outros.

Carmen, texto do século 19 do escritor francês Prosper Mérimée, tornou-se ópera na versão de Georges Bizet, estreando em Paris em 1875. A interpretação que está sendo veiculada nos cinemas foi dirigida por Julian Napier. A direção de palco é de Francesca Zambello e o maestro responsável é Constantinos Carydis.

O chamariz de ser em 3D causa impacto visual em poucas cenas. A profundidade de campo é mais percebida em detalhes, como em uma cena em que pétalas caem no tablado por breves dois ou três segundos. De modo geral, o que traz a sensação de proximidade entre o espectador e o palco são os enquadramentos e movimentos de câmera, muito mais que o fato de ser em 3D.

Em 136 anos de existência, e muitas montagens, Carmen permanece irreverente e real.

Na trama, Carmen (Christine Rice) é uma cigana – sedutora e de personalidade imutável – que não abre mão de suas vontades e muito menos de sua liberdade. Inevitavelmente, o militar Don José (Bryan Hymel) é seduzido pelas peripécias dessa mulher fatal e sua paixão logo vira uma obsessão. Os coadjuvantes dessa história são Micaëla (Maija Kavalevska) – moça comportada e de família que é apaixonada por Don José – e Escamillo (Aris Argiris) – toureiro, símbolo do homem seguro, a quem Carmen declara o seu amor. O desfecho é trágico.

Don José não aceita que Carmen entregue seu coração a outro homem. Carmen prefere a morte a viver infeliz e aprisionada por um amor que não a interessa.

Todos os personagens são envolvidos pelos encantos da cigana. Com o público não é diferente. Seja para aqueles que se deixam levar pela proposta e se sentem verdadeiramente acomodados em uma poltrona do Royal Opera House, seja para os céticos que se limitam a ver Carmen como um filme, o impulso pode ser o de aplaudir.

No entanto, por ser um cinema, as palmas ficam contidas e se exteriorizam em palavras, como as da elegante senhora citada no começo do texto: "Que espetáculo!".

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