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Adaptação cinematográfica do espetáculo teatral homônimo, Minha Mãe É uma Peça – O Filme superou todas as expectativas e levou 4,5 milhões de brasileiros aos cinemas em 2013 | Divulgação
Adaptação cinematográfica do espetáculo teatral homônimo, Minha Mãe É uma Peça – O Filme superou todas as expectativas e levou 4,5 milhões de brasileiros aos cinemas em 2013| Foto: Divulgação

Ranking

Confira a lista dos longas-metragens brasileiros mais assistidos em 2013, e que ultrapassaram a marca de 1 milhão de espectadores até até o dia 29 de dezembro:

1 º De Pernas Pro Ar 2 4.866.000

Minha Mãe É uma Peça – O Filme 4.504.000

Meu Passado Me Condena 3.160.000*

Vai Que Dá Certo 2.734.000

Somos Tão Jovens 1.735.000

Crô – O Filme 1.643.055*

Faroeste Caboclo 1.504.000

O Concurso 1.251.000

Mato sem Cachorro 1.110.000

*Filmes ainda em exibição

Fonte: Filme B (http://www.filmeb.com.br)

  • De Pernas pro Ar 2 (foto ao lado), o longa-metragem nacional de maior bilheteria no ano passado: se o filme faz sucesso, sequência é questão de tempo

O primeiro Caderno G Ideias de 2014 tem um olhar retrospectivo. Investiga um fenômeno que vem se configurando no panorama cinematográfico brasileiro há algum tempo, mas que no ano passado se consolidou: a imensa popularidade das comédias feitas no ­país. Dos dez longas-metragens nacionais mais vistos, oito pertencem ao gênero (confira quadro nesta página). As duas únicas exceções a ultrapassar a marca de 1 milhão de espectadores foram Somos Tão Jovens (5.º lugar, com 1,76 milhão de ingressos vendidos), dirigido por Antônio Carlos da Fontoura, e Faroeste Caboclo (6.º colocado, com 1,5 milhão), de René Sampaio. Ambos têm em comum a ligação direta com a vida e a obra do cantor e compositor Renato Russo, vocalista da banda de rock Legião Urbana: enquanto o primeiro retrata a juventude do músico em Brasília até a formação do grupo, o segundo é inspirado na canção homônima.O filme mais visto do ano, De Pernas para o Ar 2, que levou quase 4,9 milhões aos cinemas, é uma continuação da comédia lançada em 2010, estrelada por Ingrid Guimarães e dirigida por Roberto Santucci. Como o original já havia obtido grande êxito, o sucesso do segundo longa já era esperado. E essa tem sido a regra no mercado nacional, como em Hollywood. Se o filme faz sucesso, uma continuação é questão de tempo. Aconteceu com Se Eu Você Você, de Daniel Filho, com Até Que a Sorte Nos Separe, também de Roberto Santucci, cuja parte dois estreou em dezembro passado.

Fenômeno

Grande surpresa foi o estouro de Minha Mãe É uma Peça – O Filme, segundo no ranking, com 4,5 milhões ingressos vendidos. O longa de Andre Pellenz, baseado no espetáculo teatral homônimo, escrito e estrelado pelo comediante Paulo Gustavo, superou todas as expectativas, apesar de a montagem também ter feito muito sucesso, escorada pela popularidade conquistada pelo ator na televisão.

Para o crítico de cinema paulista Heitor Augusto, que escreve para a revista especializada Interlúdio, entre outras publicações, e é também professor de Cinema do Cinesesc, em São Paulo, "a demanda por filmes que não sejam as chamadas comédias existe – algo que percebo quando vou a festivais ou converso em aulas ou dou palestra sobre cinema brasileiro. O que ocorre é uma supressão das possibilidades de atender a essa demanda para os ‘outros filmes’. Pois ao mimetizar a lógica de ocupação de mercado maciça tal como consolidada nos últimos 30 anos pelo blockbuster norte-americano, o que as tais comédias brasileiras têm feito é promover a monocultura, tal como a soja".

O professor de Cinema e Vídeo da Faculdade de Artes do Paraná (FAP) Fábio Francener Pinheiro vê no êxito das comédias uma correlação entre a preferência pelo gênero e o Brasil atual, a hábitos de consumo e a como a população parece se enxergar. "Tradicionalmente, o gênero é uma aposta segura, pois em essência cumpre aquela função de entreter, tão associada ao cinema de shopping, que acaba nivelando o filme ao lanche e às compras. No caso do cinema brasileiro, não podemos esquecer de toda a tradição e a força das chanchadas, em um período no qual os filmes dialogavam de forma mais próxima com o grande público, e de seu desdobramento erótico, a pornochanchada. O modelo migrou para a televisão com grande sucesso. Some-se a nossa própria postura debochada diante dos acontecimentos, o que de certa forma se justifica perante uma realidade de ‘piada pronta’, ou seja, a impressão é que não dá para levar nada a sério por aqui."

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