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Não fede, nem cheira. Meio barro, meio tijolo. Nem lá, nem cá. Assim é a versão anos 2000 do Skank, marcada por roquinhos melosos e assobiáveis. Os mineiros ficaram tão inofensivos que até quem odiava de morte a chacoalhante "Garota Nacional" agora os respeita. Pelo menos eles ainda sabem escrever hits – ainda que, para cada "Vou Deixar", sobrem dezenas de canções sem sal.

Carrossel, o novo CD, é a lapidação de sua faceta "experimental" (entre aspas mesmo, porque experimentalismo para valer é outra coisa). Maquinarama e Cosmotron, os dois álbuns anteriores, traziam a banda à procura de um novo som, calcado em bandas recentes como Blur e Wilco e no rock sessentista de Beatles, The Who e Beach Boys. Com a receita desenvolvida, dessa vez a banda apostou novamente na concisão pop. São 15 hits em potencial, produzidos na medida para o padrão musical das FMs.

O disco abre com "Eu e a Felicidade", parceria de Samuel Rosa com Nando Reis – e que tem a cara desse último. Movida a violões, a música fala de um sujeito que conseguiu ser feliz "sem avental, sem sapato ou gravata". Quanta rebeldia, hein?

A faixa seguinte, "Uma Canção É para Isso", a primeira de trabalho, é a mais emblemática. Como "Fácil", dos conterrâneos do Jota Quest, trata-se de uma "metacanção" ("Uma canção é pra fazer o sol/ Nascer de novo/ Pra cantar o que nos encantou/Na companhia do povo", diz a letra). E, como "Fácil", vai dar nos nervos dos ouvintes daqui a um ano.

Além de Nando Reis e do velho colaborador Chico Amaral, Carrossel ainda traz parcerias de Samuel com Humberto Effe (Picassos Falsos), César Maurício (Radar Tantã), Rodrigo Leão (ex-Professor Antena) e Arnaldo Antunes. Em todas as letras, há muito "sol", "vento", "céu", "mar", "estrelas", "cometas", "horizonte", "montanha", "ondas", "conchas", "flores", "folhas", "nuvens". Tudo muito bucólico, tudo muito chato – até para os fãs do Clube da Esquina, uma das escolas do grupo.

Esqueça os textos, portanto. Se existe algo interessante em Carrossel, são os arranjos quase psicodélicos, construídos com banjos, violas, cellos, flautas e trompas. Alguns funcionam, outros não. Pena que todos sejam encobertos pela mixagem, para não assustar os fãs e programadores de rádio.

Mas talvez nem tudo seja tão intencional. Ao fim da audição, fica a sensação de que esse é, realmente, o máximo que o Skank pode dar em um álbum. Restam então os muitos hits emplacados ao longo da carreira. Melhor comprar uma coletânea da banda. GG1/2

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