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Once Upon a Time in Anatolia relativiza noção de bom e mau | Divulgação
Once Upon a Time in Anatolia relativiza noção de bom e mau| Foto: Divulgação

Nova York Once Upon a Time in Anatolia, do diretor turco Nuri Bilge Ceylan, impactou a plateia na sessão prévia para a imprensa no Festival de Nova York. Passado nas secas e amplas planícies da Anatólia, entre as montanhas vulcânicas da Ásia Menor, a história traz um perfeito retrato da "Turquia profunda".

Baseado em um fato real e com influências dramatúrgicas de Chékhov, o filme – que ganhou o Grande Prêmio do Júri no último Festival de Cannes – narra a investigação sobre o aparecimento de um corpo numa cidade da Turquia. O cadáver pode estar relacionado a um crime, mas nada é muito claro para as duas autoridades que acompanham a polícia: um médico e um promotor.

Trata-se de uma trama psicológica que se passa em boa parte de noite e que consegue, de forma lenta e pausada, ir ao mais profundo da alma e psiquê humanas.

Como faz normalmente, Ceylan recorreu a atores não profissionais, como Muhammet Uzuner, que vive a sua primeira experiência no cinema no papel do médico. O diretor se cercou igualmente de pessoas próximas para a concepção do filme. Sua mulher, Ebru Ceylan, colaborou no argumento, tal como fez em 2006, quando ele realizou Climas. Leia os principais trechos da entrevista concedida a jornalistas:

Como caracterizaria os personagens do filme?

Acho e quero mostrar que ninguém é inteiramente bom ou mau. Quando crio um personagem desejo respeitar esse equilíbrio. Deve-se poder dizer sempre que um personagem somos nós mesmos, nunca o outro.

Muito já se falou sobre seu método de trabalho. Como o define?

Não é uma escolha racional, isso vem naturalmente, pois faço tudo por instinto. Não faço corte técnico, mas é verdade que gosto muito dos planos vastos. A imensidade do quadro permite pensar no lugar que ocupamos na Terra.

O senhor acumula a direção com o trabalho de fotografia. Como foi o processo nas cenas noturnas?

Para poder ambientar o filme naquele universo, filmamos as sequências noturnas usando como iluminação apenas a Lua. Quando não era suficiente, colocamos algumas luzes em um balão.

Por que prefere trabalhar com atores não profissionais?

Uma das razões é que me sinto muito à vontade com eles. Um amador procura utilizar as suas experiências, suas próprias palavras, e isso por vezes é muito melhor, porque é mais ligado à vida, tem mais verdade. Um profissional se baseia, sobretudo, na técnica e nos seus papéis anteriores. Prefiro filmar seres humanos a atores.

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