• Carregando...
Ary Fontoura, como o mordomo Silveirinha: ao lado de Flora (Patrícia Pillar) e Dodi (Murilo Benício), ele garante dose de suspense em "A favorita" | Divulgação/TV Globo
Ary Fontoura, como o mordomo Silveirinha: ao lado de Flora (Patrícia Pillar) e Dodi (Murilo Benício), ele garante dose de suspense em "A favorita"| Foto: Divulgação/TV Globo

O autor João Emanuel Carneiro foi sincero com Ary Fontoura ao convidá-lo para interpretar o mordomo Silveirinha na novela "A favorita". O personagem apareceria nos 18 primeiros capítulos, mas o autor ainda não sabia o que faria com ele ao longo da trama. "Sugeri ao João que trabalhasse com a ambigüidade, que o Silveirinha oscilasse entre a paixão e o ódio", revela Fontoura.

Tendo o ator uma experiência de 44 folhetins, Carneiro achou por bem seguir o conselho. E assim nasceu o mordomo que comete as maiores crueldades nas costas dos patrões, para em seguida servir o chá das cinco com um sorriso no rosto.

"Silveirinha é 171 dos bons. Sempre gostei desse tipo de personagem marginal, meio fora de contexto", comemora o ator curitibano, citando como exemplo o deputado corrupto Pitágoras da novela "A indomada" (1997), um de seus papéis prediletos.

Ao lado de Flora (Patrícia Pillar) e Dodi (Murilo Benício), Silveirinha forma o trio de vilões que vem movimentando os capítulos de "A favorita". "Estamos num clima ótimo, apesar de o ritmo de gravações estar pesadíssimo. Às vezes dá vontade de ir ao cinema, mas bate uma dor na consciência só de pensar que aquele tempo poderia estar sendo usado para estudar as cenas", lamenta.

No entanto, o ator diz que o esforço está valendo a pena. "Estou muito feliz com esta novela, que retomou o suspense digno de Janete Clair e Dias Gomes", compara. "Cada capítulo é uma reviravolta que prende o espectador até o fim. Inclusive eu". Tootsie

Se na televisão Fontoura gosta de se ver em cena, o mesmo não acontece quando atua no cinema. O ator só quis conferir o resultado de seu desempenho como o protagonista de "A guerra dos Rocha", na première do filme, no Festival do Rio.

"Quando estávamos filmando o Jorginho [Jorge Fernando, diretor do longa] sempre me chamava para ver as cenas, mas eu me recusava. Sou muito crítico e sofro com isso", conta. "E em cinema o grau de exigência é maior, qualquer ator fica achando que poderia ter feito melhor".

Na comédia, que chega aos cinemas nesta sexta-feira (10), Fontoura interpreta um personagem feminino, a simpática velhinha Dona Dina. Viúva e sem papas na língua, ela provoca um jogo de empurra entre seus filhos, que se recusam a cuidar da mãe. "Apesar de ter muitas situações de humor, o filme trata de um assunto sério: o abandono dos idosos. Ela vive jogada de casa em casa, é muito triste", analisa.

Dona Dina não é a estréia de Fontoura no universo feminino. Em 2002, na peça "A diabólica Moll Flandres", comédia inspirada no texto do britânico Daniel Defoe, ele interpretou a protagonista. "É aquela coisa né? Colocar vestido, salto alto... Fazer a sobrancelha é o mais sofrido, não consigo entender como as mulheres suportam esses sacrifícios".

Fontoura revela ter temido que Dona Dina ficasse masculinizada. Segundo ele, o cinema capta muitos detalhes e disfarça-los é um desafio. Foi a experiência vivida por um ator hollywoodiano que o incentivou a seguir em frente. "Lembrei do Dustin Hoffman, em ‘Tootsie’. Funcionou tão bem para ele, que resolvi encarar", conta o ator, citando o filme americano de Sydney Pollack. "E sabe que eu gostei da Dona Dina? Saí uma velhinha muito charmosa".

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]