Com muitos astros e estrelas chegando à capital alemã, o Festival de Berlim deu início ontem à mostra oficial de sua 59ª edição. Numa sessão prévia para a imprensa, o cineasta britânico Stephen Daldry apresentou O Leitor em cartaz desde ontem no Brasil , em exibião fora de competição.
O diretor vem à Berlinale pela segunda vez. Em 2006, seu segundo longa-metragem, As Horas, deu o prêmio de melhor atriz às suas três estrelas: Nicole Kidman, Julianne Moore e Meryl Streep.
O Leitor, indicado ao Oscar 2009 em cinco categorias, inclusive melhor filme e direção, é baseado no livro homônimo do escritor alemão Bernhard Schlink, uma história de amor à época da Segunda Guerra Mundial.
A trama segue Berg, um garoto de 15 anos que se envolve com Hanna (Kate Winslet, favorita ao Oscar de melhor atriz por seu desempenho), mulher analfabeta com o dobro de sua idade, para quem lê poesia, romances e filosofia, e que depois vai ter um envolvimento com o Holocausto. Ralph Fiennes vive o protagonista já adulto e David Kross, o personagem quando jovem.
O longa-metragem levanta questões sobre a culpa a responsabilidade dos agentes do Holocausto e da população alemã, pela omissão frenta ao que ocorria no país e coloca em Michael um terrível dilema: ele tem uma informação que pode inocentar Hanna, mas também poderá ajudar uma possível culpada por crimes nazistas a escapar ou ter reduzida sua pena.
Na coletiva após a projeção da qual participou a reportagem da Gazeta do Povo, Stephen Daldry, falou do filme e de sua carreira, que traz um feito e tanto: é o primeiro cineasta na história do Oscar a ser indicado a melhor direção por seus três primeiros filmes. Leia a seguir os principais trechos da entrevista:
Por que mais um filme sobre o Holocausto?
Este não é um filme sobre o Holocausto. É sobre a segunda geração, aquela que não conviveu com o episódio e como conciliar o passado e abordar a vida e o amor numa sociedade que se envolveu com um genocídio. Qual a principal diferença de outros filmes com o tema?
A maioria dos filmes sobre esse assunto é narrada sob o ponto de vista das vítimas. Este é diferente, é escrito na primeira pessoa e dirigido para as gerações futuras.
O que mais o atraiu no livro de Schlink?
Quando jovem e mesmo já adulto, passei muito tempo na Alemanha. Eu me senti atraído pelo livro, principalmente pelas questões que suscita, não propriamente o episódio em si, mas como uma geração precisa conviver com os crimes e erros da outra.
Seu segundo filme, As Horas, é de 2006. Qual a razão desse recesso no cinema?
Nesse tempo todo estive muito ocupado envolvido com uma produção relacionada com meu primeiro filme (sobre um menino que quer ser bailarino numa cidade de mineração do norte da Inglaterra), dirigindo Billy Elliot The Musical, para o qual Elton John compôs a música. A peça já foi encenada em Londres, em Sidney (na Austrália) e, mais recentemente, estreou na Broadway, em Nova Iorque.