• Carregando...
“Acho que os filmes inspirados em histórias em quadrinhos estão ficando tão melhores hoje em dia porque estão começando a voltar à fonte do material que os fãs amam.” -Frank Miller, quadrinista e diretor de cinema | Divulgação
“Acho que os filmes inspirados em histórias em quadrinhos estão ficando tão melhores hoje em dia porque estão começando a voltar à fonte do material que os fãs amam.” -Frank Miller, quadrinista e diretor de cinema| Foto: Divulgação

Ao lançar, em 1986, a graphic novel O Cavaleiro das Trevas, visão sombria e introspectiva de Batman, Frank Miller abriu caminho para um novo modelo de super-herói, que acabou contaminando tanto o mundo dos quadrinhos quanto a indústria de filmes de Hollywood. O casamento entre as duas mídias resultou tão frutífero, alavancando a carreira de diretores como Tim Burton (Batman e Batman – O Retorno) e Zack Snyder (300), que o próprio desenhista americano rendeu-se ao fenômeno: Sin City – A Dama Fatal, em cartaz em Curitiba desde a semana passada, é a terceira experiência de Miller como cineasta, precedida por Sin City (2005, codirigido por Robert Rodriguez) e The Spirit: o Filme (2008), sua estreia solo na função. Todos baseados em suas criações.

A Dama Fatal reúne histórias fresquinhas, inéditas inclusive em HQs, envolvendo personagens da fictícia cidade noir que Miller imaginou originalmente para os quadrinhos, no início dos anos 1990, quando ainda trabalhava para a editora Dark Horse. O primeiro Sin City, que rendeu US$ 160 milhões, mostrava personagens embrutecidos tentando sobreviver nos desvãos de Basin City, como Marv (Mickey Rourke), Hartigan (Bruce Willis) e a bela stripper Nancy (Jessica Alba). No novo capítulo, também codirigido por Rodriguez, Miller acrescenta personagens, como o jogador de pôquer Johnny, interpretado por Joseph Gordon-Levitt, e expande o duelo para os altos escalões do governo. Na entrevista a seguir, concedida por email, o artista conta um pouco sobre sua ligação com as HQs e o cinema.

Sin City foi um grande sucesso de público, inclusive entre aqueles que não conheciam a graphic novel. Por que personagens imperfeitos, corruptos e violentos são tão populares?

Porque somos todos pessoas imperfeitas e perturbadas... Como foi reencontrar os atores do primeiro filme da franquia? E o que o senhor pode dizer sobre os que agora entraram para a família Sin City em A Dama Fatal?

Os novos personagens precisaram de mim um pouco mais porque eles eram novos no universo de Sin City, mas os atores que os interpretaram foram divinos. Aqueles que retomaram os personagens do primeiro filme demandaram pouca direção, em especial Jessica Alba, que chegou ao set completamente preparada e encarnada em Nancy Callahan. Mickey Rourke também conseguiu se transformar e dar a Marv um personagem com mais nuances. Lançado quase 30 anos atrás, O Cavaleiro das Trevas deu origem a uma nova casta de heróis, mais sombrios, violentos e cínicos, que virou um filão em Hollywood. O que o senhor acha desse fenômeno? Qual deles é o seu favorito?

Adoro Robert Downey Jr. em Homem de Ferro. Ele deu uma nova consistência ao personagem. Acho que os filmes inspirados em histórias em quadrinhos estão ficando tão melhores hoje em dia porque estão começando a voltar à fonte do material que os fãs amam.

É verdade que a experiência de assistir ao filme Os 300 de Esparta (1962), de Rudolph Maté, quando criança, mudou sua perspectiva sobre os super-heróis?

Quando eu era criança, meu maior herói era o Super-Homem. Depois de ver Os 300 de Esparta, prometi a mim mesmo que, quando eu fosse bom o suficiente, faria um versão daquela história no formato de graphic novel – que, eventualmente, acabou virando um filme de sucesso (300, pelas mãos de Zack Snyder, em 2006). O filme de Maté continua sendo uma das minhas maiores motivações.

O senhor recebeu ameaças de morte quando matou Elektra, a heroína que nasceu nas páginas dos quadrinhos do Demolidor. Que lição o senhor tirou do episódio?

Aquela reação me fez perceber o quanto os fãs levaram a sério os meus personagens, e como eles se sentiam ligados a eles. O senhor tem dedicado mais tempo ao cinema. Qual é o espaço dos quadrinhos na sua agenda atualmente?

Tenho duas paixões: quadrinhos e filmes. Tenho os pés plantados nos dois campos. Não poderia estar mais feliz. Já criou ou pensa em criar uma graphic novel com o propósito de transformá-la em um filme?

Não penso em cinema enquanto trabalho em uma história em quadrinhos. Para eu fazer o que faço, tenho que mantê-los separados. O que podemos aguardar nos dois campos?

Tenho tido oportunidades incríveis, nos dois campos. Sempre quis explorar o personagem Xerxes, de 300, de uma maneira mais ampla. Mas teremos que esperar para ver.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]