Um dos maiores destaques da edição 2005 do Festival de Teatro de Curitiba, o espetáculo Por Elise teve um fôlego muito maior do que o previsto. Fruto de um projeto que se pretendia único, criado pelo grupo mineiro Espanca!, a montagem tomou asas e alçou vôo. Além de ter cativado público e crítica no FTC, encerrou o ano passado como uma das peças mais comentadas do ano, com direito a citações em prêmios de relevância no país, como o Shell e o da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA).

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O legado mais importante de Por Elise, todavia, foi a consolidação da trupe teatral belo-horizontina, cuja vida útil, em princípio, não deveria ser mais longa do que a da montagem. Passado um ano, o Espanca! está de volta ao FTC – e em grande estilo. Não apenas seu novo espetáculo, Amores Surdos, foi convidado para se apresentar dentro da mostra oficial, como os ingressos das três apresentações do espetáculo estiveram entre os mais disputados na edição 2006 do evento.

Segundo a dramaturga, atriz e fundadora do grupo, Grace Passô, a afinidade surgida entre os integrantes foi tão grande que dar continuidade ao trabalho tornou-se uma decorrência natural do projeto. No entanto, ao contrário de Por Elise, escrita e dirigida por Grace, Amores Surdos, também escrito por ela, tem Rita Clemente como encenadora convidada.

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A trama da peça gira em torno da um família e discute, cenicamente, os rituais do cotidiano que conduzem à alienação e à incomunicabilidade. Greice conta que, quando estão acordados, os personagens não se dão conta do que pode estar acontecendo ao seu redor. A percepção apenas vem quando entram em um estado de sonambulismo.

Para a dramaturga, Amores Surdos, que será apresentada no Guairão, com a platéia acomodada no palco do teatro, dá ao grupo a oportunidade de continuar experimentando novas possibilidades de linguagem teatral, coerentes com o que foi iniciado em Por Elise.

A montagem, definida por Grace como "uma tragicomédia", estréia no FTC 2006 antes de ser apresentada em Belo Horizonte. Com financiamento da Fundação Clóvis Salgado, o grupo recebeu da instituição uma licença especial para fazer a primeira apresentação de Amores Surdos em Curitiba, já que o regulamento do prêmio vencido pela trupo estabeleceu que a estréia deveria acontecer na capital mineira.