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Jamie Foxx (esq.) e Christoph Waltz vivem dupla destemida no longa | Divulgação
Jamie Foxx (esq.) e Christoph Waltz vivem dupla destemida no longa| Foto: Divulgação

Na locadora

Django Livre - (Django Unchained. Estados Unidos, 2012)

Direção de Quentin Tarantino. Com Jamie Foxx, Christoph Waltz e Leonardo DiCaprio. Paramount. 165 min. Classificação indicativa: 16 anos. Apenas para locação. Western.

Quem é fã do western spaghetti Django (1968), de Sergio Corbucci, cult entre os aprecidadores do gênero, chegou a torcer um pouco o nariz depois de assistir a Django Livre, novo longa-metragem de Quentin Tarantino, que agora chega às locadoras. Muitos esperavam, decerto, ver um remake do clássico estrelado por Franco Nero – o astro italiano até faz uma participação especial, mas o que o diretor de Pulp Fiction – Tempo de Violência e Bastardos Inglórios oferece é bem mais do que uma mera releitura.

Tarantino, um cinéfilo compulsivo, capaz de incorporar à sua obra, sem preconceitos, referências dos mais diversos gêneros e escolas cinematográficas, do film noir aos épicos de artes marciais do Oriente e ao próprio western spaghetti, faz de Django Livre um filme político. E muito próprio: tanto que venceu seu segundo Oscar de melhor roteiro original e o Globo de Ouro.

Se, em seus longas anteriores, o cineasta parecia mais disposto a estabelecer um diálogo sobretudo metalinguístico com o próprio cinema, sua história e possibilidades narrativas e estéticas, afirmando-se, sobretudo, como um mestre da forma, Django Livre anuncia um autor que também quer ter algo a dizer, em um roteiro afiado e com diálogos impagáveis, porém bem mais linear do que seus trabalhos anteriores.

A trama nada tem de mirabolante. Django (Jamie Foxx) é um escravo cujo passado brutal e tortuoso o leva ao encontro do caçador de recompensas e dentista alemão King Schultz (Christoph Waltz, que também venceu seu segundo Oscar de melhor ator coadjuvante). Como apenas Django pode levá-lo a encontrar os irmãos Brittle, que ele vem perseguindo há algum tempo, Schultz compra o escravo com a promessa de libertá-lo quando tiver capturado os fugitivos.

Cumprida a missão, Schultz e Django decidem continuar juntos, tornando-se uma espécie de dupla implacável. Mas o ex-escravo tem algo mais importante em mente: encontrar e resgatar sua mulher, Broomhilda (Kerry Washington), agora propriedade do violento Calvin Candie (Leonardo DiCaprio), dono de Candyland, uma plantação famosa por treinar escravos para embates mortais de luta livre.

Além de dar protagonismo a um personagem negro em um gênero de cinema historicamente ligado a brancos, Tarantino inova em relação à própria obra ao discutir, de forma por vezes contundente, a "coisificação" do ser humano nos Estados Unidos do século 19.

Renova-se também ao adotar tons distintos nas cenas de violência: se há a tradicional espetacularização da violência em cenas de ação, tiroteio e pancadaria, marca registrada na obra do diretor, o cineasta recua e se revela mais sóbrio, e econômico, ao tratar da violência movida pelo racismo, que eclode em decorrência da vergonhosa chaga da escravidão.

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