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“Ringo”, “George” e “John”: argentinos dos The Beetles são misto de diversão competente e piada pronta | Divulgação
“Ringo”, “George” e “John”: argentinos dos The Beetles são misto de diversão competente e piada pronta| Foto: Divulgação

Não é ser pessimista, mas fazer covers dos Beatles é algo que tem mais chances de dar errado do que de dar certo. Pelos simples fato de Beatles ser Beatles. Então, os argentinos dos The Beetles, "o maior cover do mundo", se apresentaram em Curitiba na última quinta-feira e, marotos, tentaram mostrar mais do que talento musical. No palco, ele se valem de instrumentos idênticos (inclusive nos timbres), perucas, roupas e trejeitos para recriar, durante cerca de duas horas, várias fases musicais do quarteto mais famoso do mundo.

Se dizer que falta algo é redundância, é importante frisar que o grupo tem qualidades. Os vocais não são perfeitos – a sofisticação dos backings está longe do original –, mas os músicos dão conta do recado. Seriam uma grande banda se não fossem covers dos Beatles. O argentino que se faz de Ringo Starr, por exemplo, parece se segurar nas músicas mais antigas, como se tivesse mais a dizer. E a tocar.

O show começa com músicas do álbum Please Please Me, o primeiro dos Beatles. Intervalo. Há mudança de figurino. Terninhos pretos e comportados se transformam, aos poucos, em extravagantes fantasias coloridas: Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band é "encenado no palco". O problema foi exatamente esse. Tocar músicas ao vivo que foram feitas exclusivamente para estúdio. O próprio álbum, aliás, é uma grande metáfora que diz "olha como seria se ainda tocássemos isso ao vivo". Mesmo apesar dos recursos – havia playback e teclados – houve uma sensação de estranheza.

Por outro lado era bacana ver a peruca do Paul argentino balançar para lá e para cá, ouvir a voz de pato de "Ringo" quando cantou "Octopus’s Garden" (do álbum Abbey Road) e a pose blasée de "John Lennon". Sem falar do irônico cover de "Satisfaction", música dos Rolling Stones.

O repertório do show também foi pensado para um público sedento por grandes hits. Não faltou "Hey Jude", que encerrou a apresentação com aquele refrão infinito depois de quatro (ou seriam cinco?) pequenos intervalos.

Grandes músicas ficaram de fora. Deu-se mais atenção ao começo da carreira do que ao final – justamente pela complexidade dos arranjos dos últimos álbuns. Mas, estando entre uma grande piada e um bom show de rock, The Beetles vale a pena. GGG

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