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Filmografia assassina

• O Gabinete do Dr. Caligari (1920), de Robert Wiene.

• M, o Vampiro de Dusseldorf (1931), de Fritz Lang.

• Psicose (1960), de Alfred Hitchcock.

• O Bandido da Luz Vermelha (1968), de Rogério Sgarnzela.

• Franesi (1972), de Alfred Hitchcock.

• O Silêncio dos Inocentes (1991), de Jonathan Demme.

• Assassinos por Natureza (1994), de Oliver Stone.

• Seven, os Sete Crimes Capitais (1995), de David Fincher.

• Monster (2003), de Patty Jenkins.

• Zodíaco (2007), de David Fincher.

Veja também

Norman Bates (de Psicose), Hannibal Lecter (Silêncio dos Inocentes), Tom Ripley (O Talentoso Ripley) e Aileen Wuornos (Monster) têm algo em comum: o desejo irrefreável de matar. Emprestados da vida real ou gerados pela fértil imaginação de escritores e roteiristas, eles integram uma assustadora galeria de personagens já mitológicos no cinema, exercendo intenso fascínio sobre gerações de espectadores que neles enxergam não apenas a marca da maldade, mas traços por vezes sobre-humanos, capazes de transformá-los em super-heróis às avessas.

Através da história da sétima arte, serial killers sempre foram reincidentes em filmes dos mais diversos períodos e movimentos estéticos – e muitas vezes utilizados como metáforas para falar do estado de coisas reinante no tempo da realização das produções. Esse é o caso do clássico do Expressionismo Alemão O Gabinete do Dr. Caligari (1920), do cineasta Robert Wiene.

Ao contar a história de um assassino serial sonâmbulo, manipulado pelo diretor de um hospital psiquiátrico, o filme mudo discute, em suas entrelinhas, o processo de gestação do nazismo no período pós-Primeira Guerra Mundial. Narrado em tom delirante, com toques de arte abstrata, o longa-metragem tece um comentário contundente sobre o poder de manipulação que o Estado exercia sobre as massas numa Alemanha com baixíssima auto-estima, simbolizada pelo paciente que mata enquanto dorme – sempre por sugestão de uma mente maquiavélica.

Psicose

Já no final da década de 50, início da década de 60, quando as teorias freudianas estavam saindo dos consultórios médicos e das universidades, passando a ser assunto recorrente na cultura, em livros, filmes e peças de teatro, o mestre britânico Alfred Hitchcock lançou aquele que é, talvez, seu filme mais famoso: Psicose. A trama conta a história de um jovem dono de motel, Norman Bates (Anthony Perkins), filho único de uma mãe dominadora e opressiva que acaba por transformá-lo em um homem sexualmente reprimido que usa o ato de matar como substituto para a cópula, que a vigilância materna o impede de consumar.

Opiniões

Na tentativa de decifrar o mistério que envolve a relação de fascínio, obsessão e medo nutrida pelo público e por criadores de cinema, como roteristas e diretores, em relação aos serial killers, o Caderno G ouviu alguns especialistas da área.

O cineasta e professor de Direção Cinematográfica da Faculdade de Artes do Paraná – FAP, Eduardo Baggio, afirma que existe uma inegável curiosidade em torno da ação de matar. "Tirar a vida de alguém é um ato de extremo poder, de afirmação de uma condição superior, mesmo que momentânea, mas ainda assim superior", diz. Para ele, um ótimo exemplo disso é outro clássico de Hitchcock, Festim Diabólico, sobre dois jovens que arquitetam meticulosamente um assassinato, assim como a ocultação do cadáver. Hannibal Lecter, o psiquiatra canibal imortalizado por Anthony Hopkins em O Silêncio dos Inocentes, também é citado como exemplo dessa "superioridade intelectual" conferida pelo ato de matar.

Para Baggio, tirar a vida de alguém tendo uma causa (pessoal ou coletiva) também chama a atenção. "Que o digam os matadores seriais em escolas norte-americanas, que sempre deixam uma fita, ou um bilhete culpando a nossa sociedade podre e corrompida", completa.

A doutora Denise Guimarães, professora do mestrado em Comunicação da Universidade Tuiuti do Paraná e estudiosa de cinema, diz que, embora apaixonada por filmes de arte, tem um "fraco" por alguns longas-metragens sobre serial killers, como Seven, de David Fincher. "O que mais me atrai são os jogos de inteligência que o assassino propõe a uma pessoa, que, naturalmente deverá valer-se, não apenas da força bruta e dos tiroteios, para solucionar a questão. Para mim, trata-se mais de acompanhar e tentar participar de um desafio intelectual, do que refletir sobre o medo da morte", confessa.

Denise acredita que os escritores, roteiristas e diretores, quando possuem uma sensibilidade estética mais aguçada, também são fascinados pelo aspecto psicológico e pelos jogos intelectuais, pelos enigmas, a serem elaborados ou pelo carater ritualístico dos assasinatos, como se fosse um culto. "Existe um componente forte de tentar entender como funcionam as mentes dessas pessoas, o que as move? Por que os serial killers não sentem remorsos (segundo relatos de especilistas)? Por que eles têm sempre um QI acima da média? Temos de reconhecer que são muito inventivos e ardilosos", conclui.

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